Aqui já usei quase todo o meu repertório masoquista e desfiz boa parte das minhas ideias comunistas. Esse espaço é meu, mas desejei compartilhá-lo com o mundo, se você faz parte dele...Então seja muito bem vindo(a)!

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Álbum de festas

Vejo fotografias, nela encontro crianças sorrindo e uma delas revela a ausência dos pequenos incisivos de leite; essa sou eu. Nas festas de aniversário o que eu mais gostava na hora dos parabéns era quando o aniversariante tradicionalmente tinha porque tinha que enfiar o dedo no bolo! Hahaha. E como tudo aquilo me divertia!

Também gostava de dançar, me requebrava por inteiro e magricela que sempre fui, parecia um esqueleto dançante. Lembro-me que ficava feliz ao menor resquício de aniversário, achava a data mais importante...fosse de quem fosse a festa, isso antes! Antes das alergias se intensificarem e acabarem com minha vontade sedenta por festas.

Os finais de semana repletos de opções se tornaram tristes toda vez que me lembrava das minhas novas impossibilidades, das reações sempre assustadoras das quais temia cada dia com mais pânico.

Um pedaço de torta de morango podia se mostrar tão repulsivo como uma ida ao hospital com direito a muitas agulhas. Balões de festa se misturavam com balões de oxigênio que me faziam pensar duas vezes antes; difícil foi aquela época.

Mas dos preparativos eu podia participar e lembro como eram recheados de ansiedade e alegria! Com quantos primos eu iria brincar num só dia? Quantas amigas viriam a minha casa!

E depois?

Depois viria o cansaço todo, a saudade na hora da despedida e de novo eu solitária com minhas bonecas. Voltava para o apartamento, para minhas cabanas de lençol montadas na janela do meu quarto, para os meus diálogos mentais tão incompreensíveis, para os meus choros em seguida e para um mundo tão inexplicável para mim, logo eu que sempre achei tudo um grande aniversário...aí paro, vejo as fotos e me vem à tona a felicidade dos dias em que a minha vida foi um álbum de festas, e que álbum!


domingo, 11 de julho de 2010

Sem riso


Ele nunca teve um lar, como pode ter sido abandonado?
Esquecido por alguém?
Não, ele nunca foi registrado pra poder ser esquecido.

Quem é ele?

Nem ele mesmo sabe, porque já desistiu de pensar...hoje ele se embebeda no cheiro enauseante da cola de sapateiro enquanto você come, dorme, trabalha e ainda reclama quando não lembram de você.

Algum dia você já parou pra pensar se fosse um menino como esse? Relegado socialmente em todos os aspectos possíveis...?

Consegue sentir um pouco o marasmo em que ele está imerso e ainda xingá-lo de ladrão, e despejar em cima do governo uma responsabilidade que também é sua?

Se eu consegui promover uma reflexão válida, então realizei o meu intento.