Aqui já usei quase todo o meu repertório masoquista e desfiz boa parte das minhas ideias comunistas. Esse espaço é meu, mas desejei compartilhá-lo com o mundo, se você faz parte dele...Então seja muito bem vindo(a)!

domingo, 31 de julho de 2011

Metodologia de vida trágica


  De repente no final das férias acontecimentos históricos e glaciais acontecem com ou sem você querer ou imaginar. E aí você fica no meio de uma conjuntura surreal sem saber o que achar ou acreditar.

  Deixem- me explicar! É que me ocorreram incontáveis flash back’s e tudo em micro segundos, como ventania que corre solta e se espalha na surdina do vazio.

  Um levantamento de dados passados. Mais, um desmanche de peças de um quebra-cabeça que confiantemente pensei ter solucionado me fez perceber que isso sempre acontece quando desejo acreditar.

  Por quê? Por que minha mente é terrorista ou por que eu sei até onde posso ir sem me machucar? Será que eu realmente sei até onde posso aguentar? 

  Por ser sozinha no não reconhecimento da minha grandeza e do meu amor por mim, me desconsidero plena na tentativa inútil de evitar novos pós-guerras que continuamente me impedem de simplesmente entregar-me assim, calma e com-ple-ta-mente boba aos meus sentidos sem deixar a razão do meu desejo de controle se expressar.

  É só porque depois se o “se” se aproximar, veementemente vou me culpar, pois não poderia eu evitar?!  Mas estou cansada de fugir da minha humanidade diante desta vida, porque as factualidades não deixarão de existir apenas deixarei de vivê-las.

  Eu quero. Quero uma nova crença, uma idiotice gratuita de quem não está nem aí para rachaduras de corações partidos e feridos, de tropeços e rasgões nos mais belos vestidos.

  É que amar é uma escolha e para cada escolha há sempre uma renúncia, e apesar de não saber se estou pronta para renunciar minha proteção, meu castelo de ilusão, eu desejo.

  Ardentemente eu desejo. Mas que ninguém se engane! Desejo, no entanto estou num grande dilema porque a condição sine qua non que me permitiria ir adiante não apenas é difícil, na realidade está impossível, porque estou só.

  E sozinha não me é possível libertar-me de mim, ao contrário: lembro-me mais de mim, do que sempre deixei de viver para estar em torno das muralhas que construí.


quinta-feira, 21 de julho de 2011

Soul



Minha alma é tão profunda que quando penso estar andando superfluamente em sua superfície, dou de cara com uma vastidão de mim antes inatingível. E é como se a mim mesma eu pudesse enganar e fingir não ver aquilo que vejo-sinto-sou.

É um fingir que sei: não terá sorte assim!

Estou procurando outras razões para mentir tentando sofregamente me iludir com as bordas, as superfícies da existência que finalmente me apropriei e sei, é minha, só minha.

Ah Deus, perdão perdão.
É que me acostumei com a promessa e a esperança vã de que era a salvação de. 
Porque só hoje entendi que nada sou além do que sou e que isso é tudo.
Mas perdão a mim também, que padeci na culpa para enfim ser-me toda e completa.

E um brinde, um brinde porque finalmente estou aqui no raso e no profundo de mim.

sábado, 16 de julho de 2011

Adolescer



Nas silenciosas horas de sono de todos é que se mantinha acordada, foi assim durante a parte mais tumultuada dela, a adolescência. Enquanto todos estavam despertos e realizavam seus afazeres, ela simplesmente dormia.

Nas demais horas era que se deixava ser, e ia sendo nos desesperos da madrugada. Levantava à noite e começava a labuta atormentada pelos textos que latejavam na sua cabeça e pediam ofegantes para sair. Ela já nem resistia mais, se despia de toda raiva no papel e permitia que os conteúdos outrora hesitantes, saíssem lentamente. Quando dava por si já era quase de manhã e seu texto assim como ela, ainda estava por vir.


E dava duro no processo de lapidação. 

Por vezes se assustava com o que encontrava e realmente pensava que dentre tantas palavras, as escolhidas eram sempre cuidadosamente tolhidas pela dor.
Porque era com muita revolta que escrevia, talvez fosse para aliviar a si, talvez para tumultuar o outro...mas na maioria das vezes era apenas para se salvar da agonia que tanto lhe afligia.


E só descobriu o valor disso quando finalmente se viu só. Quando abriu seu caderno de segredos e percebeu que seus textos sempre lhe falavam a mesma coisa: você precisa ser.


Ser sozinha, além do que esperam de você.


Nunca foi tarefa fácil Ser num mundo onde muitos apenas fingem existir. E quando se cresce sendo a promessa de alguma coisa que você nunca desconfiou poder escapar, é que tudo pode ser pior. Mas a vida tem lá suas surpresas e finalmente um dia ela pode ser.


Ser uma heroína (a droga mesmo) com todos os efeitos adicionais que um opióide pode causar. Por várias vezes fugindo da realidade, claro...Com excessivos e irregulares ciclos circadianos, seu cérebro já nem sabia que horário era o certo, ela quem sofregamente decidia.


Mas o pior ela sabia. O pior era permanentemente sentir a terrível apatia por seres aparentemente humanos que estavam sempre de bem com a vida. Ah, esses ela abominava e nem disfarçava a rispidez do olhar. A isso ficaram as fotografias da turma para comprovar.


Sempre foi só, e as pobres criaturas que aturou e a aturaram eram tão sozinhas quanto ela. Por motivos diversos nunca fez questão de mudar, sempre achou que sozinha era mais que toda a merda do universo, e arrogâncias à parte, na adolescência ela era.


Estudou numa escola de classe média cuja composição de alunos se dividia entre os bolsistas e os pedantes filhinhos de papai, onde a principal função era basicamente a mesma: exercerem o estereótipo de adolescente tão em alta no momento.


E como aquilo a irritava!


Entre a revolta que a vida lhe infligia e a dor de ser o que não se é, ela construiu uma muralha a sua volta com um código secreto para a entrada de estranhos.


Era preciso mostrar mais do que aparências. 
Porque tudo aquilo era uma violência, e por questão de sanidade ela precisava manter a sua. Tempos depois pensou no quanto tudo lhe foi útil, e assim resolveu não dispensar a muralha após o término do longo percurso.


O ensino que era médio foi mais do que superior. 
Sua aprendizagem ali foi para toda a vida e somente depois de fixados os laços entre os que conheceu foi que reconheceu a finalidade e o que a vida realmente dá aos que lhe são honestos.


Os amigos, a esses ela afirma que permanecerão sempre consigo.
Por quê?                           
Porque descobriu que o difícil não é ser, mas ser e existir aqui sem o mínimo de lealdade a quem um dia te fez sorrir.  

(Aos amigos, o único tesouro que tenho)

terça-feira, 12 de julho de 2011

Não

Levantei com uma vontade de não sei o que, e é me difícil dizer.
Não dormi, não por vontade própria é que havia milhares de insetos tentando me tragar.
Os pensamentos ajudaram a recompor-me. Uma ideia tida a pouco me lembrou que eu deveria agir assim.
Pode parecer simples para quem não tem dificuldades em dizer não, não é o meu caso.
Expresso nos meus textos os não’s que o cotidiano insistentemente me pede e nego. 
    Negava.  
É que resolvi não aceitar maus tratos
E por amor.
Amor a mim que me vi merecedora de mais
Que dei respeito e que não aceito mais invasões de minhas reservas assim, à toa.
Eu decido, eu escolho a quem abrir-me e se assim não fiz foi por achar que não valeria à pena.
Porque eu gosto de quem observa no silêncio e me adivinha os sentidos sem dizê-los, não quero, nem gosto dos estrelatos de quem precisa de atenção.
Eu sei que sou o barulho, mas também o silêncio que me interpela e me perpassa.
Não suporto um bom dia repleto de mau humor por motivos que desconheço e que por mais verdadeiros e honestos que possam ser, não me impedem de não aceitá-los. Respeito-os mas não tenho obrigação de.
Dói-me ver desprezado o dia raiado, por factualidades da vida.
A vida tem sido banalizada nesse tal de respeito às diferenças...diferenças que me obrigam a concordar com mau humor matutino gratuito?
Não não, respeito às dores, não justificativas medíocres de quem precisa se esconder para não mostrar a dor que sente.
Respeite-me e terás meu prestígio e minha abertura.
Desrespeite-me e terás o meu desprezo, aprendi.
A duras penas aprendi a dizer: “ei, basta! A dor que você está sentindo é sua, se quiser compartilhe-a comigo, mas NÃO tente me ferir também”.  

domingo, 3 de julho de 2011

Belo Belo



Belo belo belo,
Tenho tudo quanto quero.

Tenho o fogo de constelações extintas há milênios.
E o risco brevíssimo - que foi? passou - de tantas estrelas cadentes.

A aurora apaga-se,
E eu guardo as mais puras lágrimas da aurora.

O dia vem, e dia adentro
Continuo a possuir o segredo grande da noite.

Belo belo belo,
Tenho tudo quanto quero.

Não quero o êxtase nem os tormentos.
Não quero o que a terra só dá com trabalho.

As dádivas dos anjos são inaproveitáveis:
Os anjos não compreendem os homens.

Não quero amar,
Não quero ser amado.
Não quero combater,
Não quero ser soldado.

- Quero a delícia de poder sentir as coisas mais simples.
(Manuel Bandeira)

sábado, 2 de julho de 2011

101 Coisas nos 182 dias e meio


Para quem está acompanhando o blogger, minha lista está sendo cumprida e venho aqui para contar do que fiz nesses 182 dias e meio. (E para os perdidos de plantão.. que não sabem lhufas do que falo, segue o link: http://belobelobello.blogspot.com/2010/12/101-coisas-em-365-dias_04.html)
Bom, tenho sido mais simpática com todos, não negarei que para isso tenho feito um tremendo esforço, porque, diga-se de passagem, não sou santa nem de longe para aturar os seres mais pedantes com um sorrisão no rosto. Mas como eu listei então me esforço até morrer para cumprir.
Quanto às postagens no meu blogger (por sinal muito lindo, todo repaginado!) seriam 03 por mês e com exceção dos meses de fevereiro e março (estava sem internet e foi a experiência intelectual mais bizarra da minha vida!) eu tenho realmente sido fiel a lista.
Já passei o dia inteirinho cuidando de uma criança...e nem foi difícil, porque as crianças são seres pequenos só no tamanho, a grandeza está no coração e devo admitir que prefiro mil crianças à um adulto chato.
Mas agora “as coisas” começam a dificultar...não porque eu queira, mas porque é complicado manter um ritmo intelectual contando com todas as três refeições diárias nos horários certos inclusos. É preciso organizar-se de tal modo que um artigo inventado quebra todas as possibilidades de sobrevida, que dirá de alimentação?!
Ah, mas o arroz...O arroz tá virando hábito, quase posso me nomear japonesa, não fosse o fato de eu realmente não ser fã de peixe, muito menos cru. E contando com a simples digamos que evidência de paixão por frango empanado, grelhado, cozido, com creme de leite, frito, enfim, consegui me manter à distância por 04 longos meses do empanado que tanto salva meus almoços arranjados e feito às pressas.
Se eu terminasse aqui minhas reflexões sobre os 182 dias e meio felizmente quase tudo seriam flores. Pois, meus ouvidos estão seletivos, a música que diariamente venho ouvindo, de fato tenho escolhido e o meu desejo de consumo útil foi realizado, meu mp4 de 4G está sendo muito bem empregado.
Sobre me privar da internet aos sábados por um mês...Deus sabe o que faz! Nunca precisei levar tão a sério uma palavra como a que encarnou esse semestre em mim: Falta. Fiquei, como já havia dito, sem internet. Mas o detalhe é que ultrapassei meu limiar de sanidade! Três meses servem?
Dormir. Bom eu gostaria de ter dormido mais, então não me culpem se não cumpri o item 09 pelos adorados vizinhos que tenho. E alongar, eu tenho sim, alongado, esticado todos os músculos mentais possíveis, mereço um grande desconto.
Item 11: O curso de francês está por vir, não depende só de mim.
Item 12: As disciplinas mais chatas, tudo bem que eu tentei, mas meu máximo foi baixo, confesso.
Mas vamos ao melhor! O item 13, impressionantemente esse excelente número me trouxe inúmeras vantagens. Alcancei meu objetivo sem necessariamente bajular algum professor, logo eu que achei que nessa faculdade não havia salvação! Fui pega de surpresa...alguém conseguiu reconhecer minhas potencialidades sem esperar de mim bajulação. Obrigada profe, fica expressa a gratidão.
Item 14: Vaidade tem limites! Tenho tido muitos olhares para mim, meus cabelos agradecem o olhar, os cuidados são enormes. Hidratação, Creme de pentear específico, liberdade para se assanhar e claro, nada de pentes finos, eles são ondulados!
Item 15: Consumo realizado, meu mural está lindíssimo na sala da minha casa e já repleto de fotos me traz ótimas lembranças.
Item 16: Como nem tudo pode ser como queremos, comprei uma cômoda melhor do que esperei. Um móvel estilo colonial (sem sapateira) que tem a cara da minha avó e a minha também, claro.
17. Terapia! É eu pensei incontáveis vezes em desistir, mas faz parte do processo e eu não vou parar por aí. Hoje tenho pensado até em seguir com análise, mas só depois de concluir uma etapa que preciso.
Item 18. Um saco, sinceramente me arrependi! Nem sei que loucura foi que me deu para incluir esse item. Não, definitivamente os exercícios fonoaudiológicos são os piores, prefiro a automutilação.
Item 19.: Impressionantemente, levei a sério. Talvez tenha sido porque percebi que algumas aulas tem mesmo importância, além de que esse semestre especificamente alguns professores também.
Item 20: Não faltei e inclusive me reinventei, mudei de dentista finalmente após inúmeras vezes ter pensado e não agido. A grande novidade é que me livrarei dessa mazela que me perseguiu por 12 anos, vou concluir o tratamento na sala de cirurgia mesmo, mas vou, é o que importa...Porque uma Gestalt que se fecha é mais importante do que as milhares de outras que estão abertas!
Agora vou parando por aqui...continuarei numa próxima postagem, quem quiser saber vai ter que me seguir!