Aqui já usei quase todo o meu repertório masoquista e desfiz boa parte das minhas ideias comunistas. Esse espaço é meu, mas desejei compartilhá-lo com o mundo, se você faz parte dele...Então seja muito bem vindo(a)!

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Canção Excêntrica.


Ando à procura de espaço
para o desenho da vida.
Em números me embaraço
e perco sempre a medida.


Se penso encontrar saída,
em vez de abrir um compasso,
projecto-me num abraço
e gero uma despedida.

Se volto sobre o meu passo,
é já distância perdida.


Meu coração, coisa de aço
começa a achar um cansaço
esta procura de espaço
para o desenho da vida.


Já por exausta e descrida
não me animo a um breve traço:
- saudosa do que não faço,
- do que faço, arrependida.

(Cecília Meireles)

Motivo

Eu canto porque o instante existe

e a minha vida está completa.

Não sou alegre nem triste: sou poeta.

Irmão das coisas fugidias, não sinto gozo nem tormento.

Atravesso noites e dias

no vento.

Se desmorono ou edifico,

se permaneço ou me desfaço,

- não sei, não sei. Não sei se fico

ou passo.


Sei que canto. E a canção é tudo.

Tem sangue eterno e asa ritmada.

E sei que um dia estarei mudo:

- mais nada.


(Cecília Meireles)

"Quero tornar-me aquilo que sou: uma criança feita de luz."

Quando eu era criança, sorria como criança, pensava como criança e agia como criança.

Hoje sou adulta, continuo sorrindo como criança, às vezes choro como criança e tento não mais agir igualmente a uma criança.

E se um dia eu por fim, envelhecer, ainda quero ter comigo o meu sorriso de criança, minha alegria de criança e o meu olhar admirado sempre que algo me for novo.

Mas, além disto, quero pensar com maturidade e ter na medida certa a serenidade que só os longos anos da vida poderão trazer-me.