Depois que se descobre que a adolescência é uma "farsa", que nada mais é do que uma produção de massa...e que a marca registrada de rebeldia e intrasigência é uma questão cultural, mais capital do que cultural, assim posso afirmar...vc fica triste.
Na verdade este bem que poderia ser um bom motivo para ficar num estado permanentemente depressivo, já que ultimamente tem gente que entra em depressão pelo feliz término do programa do Faustão. Hahaha.
Deixamos este mau-humor e voltemos ao fato. Sim, ressalto aqui triste, não infeliz!
Triste porque não há como não ficar ao me deparar com mais uma das desgraças produzidas e inseridas culturalmente no mundo como normal, como norma.
Anormal hoje é quem não teve adolescência. E o pior, esta é tratada como se fosse uma verdade absoluta, universal. Mas, além disto, fico feliz! Feliz por saber que não obtive tal luxo...Respondo por mim tranquilamente, pois essa adolescência marcada pela estupidez e rebeldia não foi desfrutada por mim.
Quanto a rebeldia, sempre fui rebelde, este traço de personalidade me é comum desde sempre e quem a mim me conhece, sabe! Desde cedo, desde sempre nunca fiz questão de ser obediente sem antes questionar, a exemplo minha mãe pode responder, pelas incontáveis vezes que se aborrecera comigo porque eu simplesmente não aderia ao seu bom senso de moda.
Negava-me veemente vestir as roupas escolhidas por ela, antes, usava as que eu, cheia de autonomia, escolhia. Normalmente com combinações perfeitas para mim, cores intensas e escandalosas cuja representação a mim era fidedigna. E mais quando me rebelava possuía uma causa, não era do tipo idiota que se resigna diante de uma ordem, mas também não procurava ser a do contra porque era "bonito" ser.
Se há causas convincentes, então rebele-se. Não havendo, cale-se!
No entanto falemos novamente da maldição dos homens malditos... em se tratando de nossas próprias dúvidas nossa angústia cresce e depois de escolher sair definitivamente da ignorância fica mais do que evidente que sua melhor amiga será inFELIZMENTE esta: a angústia, a mais íntima, e também a mais secreta de todas as suas amizades.
Sinto-me a salvo pelos raros exemplos que a história nos deixou! Graças a Deus que Nietzsche existiu, pois não me penso tão louca por tantas e tantas vezes ver a minha própria ignorância, e mais, a morte constante que se aproxima e a vastidão dos corredores que choro um dia somente por sonhar passar. Sonhar ler todos os clássicos, e produzir o que de mais perfeito existe: uma soma de experiências escritas sabiamente. Sabiamente, saliento!
É, porque de porcaria o mundo está cheio, e não serei eu mais uma a sujar o que já virou puro excremento! O que imagino no dia da publicação...bom, vejo muitas mortes, muitos livros e medíocres escritores morrendo, cada uma dessas porcarias expostas nas prateleiras de muitas bibliotecas do nosso país, virando única e exclusivamente pó.
E aqueles a quem o direito autoral pertence sentindo a dor da morte lentamente como a um veneno de cobra que eficazmente penetra na corrente sanguínea, cuja morte faz sorrir pelo prazer de fazê-la sentir-se tão dolorosa. E acho que nesta hora eu chegaria ao puro êxtase o mesmo que sinto ao escrever, aí, bem...não haveria mais tanta dor no mundo, porque estaria se mostrando a alegria de Deus com os homens e aos Homens, como Beethoven conseguiu ao produzir a maravilhosa 9ª Sinfonia!
Lágrimas, desespero, e êxtase! Êxtase.
Só me resta saber se viverei o suficiente para que isto se torne possível... Nietzsche outrora disse algo que eu um dia gostaria de comprender:"Para a maioria, quão pequena é a porção de prazer que basta para fazer a vida agradável!" E me fica a pergunta..."meu Deus porque não faço parte dessa alegre maioria?" Deve ser agradável sentir prazer tão facilmente!