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domingo, 7 de julho de 2019

Mamãe, qual o sentido?


Estava procurando um livro para ler agora que entrei de férias e ironicamente me deparei com o primeiro livro de Psicologia que comprei enquanto era uma simples graduanda..."Mamãe e o sentido da vida", de Irvin Yalom, que não por acaso, não concluí a leitura. Parece-me que esse livro me atraiu mais uma vez, (existe atração à segunda vista?) Espero que sim, pois de fato parece que o universo inteirinho conspirou e parou pra que eu o lesse novamente, mas dessa vez não como uma inexperiente que apenas tenta e fracassa, mas sim como alguém que deseja descobrir o real sentido das coisas.

Diferentemente de antes, hoje eu reconheço que preciso estar pronta. Mas ainda me encontro nas trincheiras da abertura necessária para o confronto. Dói-me o tapa na cara, no entanto ele é fundamental. Por isso quero ler este livro como quem descobre o manual, o passo a passo para o destino, e faz da leitura o caminho para a mina.

Hoje, eu que estou em busca do sentido me encontro consciente dessa busca e sigo me cobrando o respeito do nada fácil processo...logo eu que sempre quis avançar etapas por não suportar a dor da reconhecida falibilidade. É que encontrar o sentido das coisas, do que faz bem e do que não, do que é meu e do que não, dos meus fantasmas e do dos outros, do que sou boa e do que não, me levou a entender o mundo todo  por uma única perspectiva, porque crescer em um ambiente onde nada era bom suficiente às vezes gera uma busca insaciável por uma padrão que particularmente já não tenho me permitido mais.

É cruel cobrar-se tanto, portanto apenas vivo, isso já tem sido mais do que necessário por hora. Aliás, por falar em hora, me dei conta exatamente agora de que assim como na história do livro, minha mãe está em quase tudo que envolve algum sentido. Isso porque como bem disse Yalom "[...] os filhos que foram maltratados geralmente acham difícil desvencilhar-se de suas famílias disfuncionais, ao passo que os filhos crescem e se desligam com muito menos conflito de pais bondosos e amorosos" (p. 14). Talvez esta seja a razão para que eu apesar de estar morando sozinha há anos ainda não tenha aceitado a minha real condição de solidão.

Por fim, posso sem medo de pré-julgamentos equivocados afirmar que a vida está me convidando a dar sentido para tudo o que outrora não tinha sentido algum, ou aliás, tinha, porém um sentido deturpado pela alienada maneira de viver de meus pais, sobretudo de minha mãe que usou de meu silêncio para calar suas próprias dores. Então para minhas dores, hoje quero oferecer empatia. Para os dissabores um sorvete palatável sem pressa ou agonia. Para minhas tristezas muitas vezes silenciadas em medos e padrões de pensamento limitantes, paciência e desconstrução. Para a intolerância, bondade. Para a rejeição, doses cavalares de amor próprio.

E para mim apenas sentir, seguir e dizer: o caminho do sentido e o sentido do caminho não quero apenas encontrar, quero reinventar, e se necessário for destruir para me re-construir. 

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