Aqui já usei quase todo o meu repertório masoquista e desfiz boa parte das minhas ideias comunistas. Esse espaço é meu, mas desejei compartilhá-lo com o mundo, se você faz parte dele...Então seja muito bem vindo(a)!

sábado, 7 de março de 2020

Clandestinamente



Eu não entendo, mas me eximi no momento de entender. Não quero entender nada, apenas sentir. É que me foi podada a liberdade de ser quem sou para satisfazer quem querem que eu seja...e eu simplesmente cansei. Só agora me permito a liberdade de não entender, uma vez que não entender presume confiar na vida. E eu sei, posso me arrepender, mas não há quem nunca tenha se arrependido, não é mesmo? Então entre se arrepender de ter vivido e não ter vivido, melhor será a primeira opção.

Estou sentindo. No momento a única coisa que almejo é respirar o ar sem peso. Sem esse peso todo que colocaram no oxigênio que eu respirei por 32 anos. O peso de uma vida perfeita, de uma filha, neta, sobrinha, prima perfeita. De alguém que não tem o direito a fazer escolhas pensando somente em si.

Espero somente que o peso que ainda insiste em permanecer seja dissipado pela alegria de ser quem sou ao lado de quem hoje eu não entendo como, mas amo. Amo simplesmente a ideia de estar com ele, mas amo muito mais a pessoa e a realidade dos fatos. Não cabem idealizações, não cabem esteriótipos de perfeição. A gente briga, eu surto, ele surta, a gente viaja nas ideias, curte o silêncio e o abraço, reclamamos das coisas que não gostamos, ele é um porre com horários (pontual demais é defeito pra mim) e sim, ele tem sido minha felicidade clandestina desde 18 de novembro em que secretamente decidi me apaixonar.

Eu decido as coisas pensando. É estranho, mas é meu modo operandis. Sempre penso, penso tanto que chego a exaustão de mim. Uma overdose de sinceridade entre mim e Deus surgiu a partir desse dia. Eu quem respiro pesado porque Deus foi me apresentado como o carrasco de minha existência. Mas estou ressignificando a imagem e a vida (embora ainda espere Deus se levantar e lançar seu castigo sobre sua filha rebelde).

É que não sei como se pode viver sem entender tudo. Mas viver tem sido mais prazeroso do que ter respostas e mais do que respostas eu tenho tido amor. E amor é resposta, mas também é pergunta, e eu adoro indagações. Passo horas em devaneios e perdida em questionamentos. Eu que resolvi amar quero ver se consigo aguentar a pressão de ser quem eu sou e ainda não fugir da minha vida. Eu quem agradeço a Deus a vida descobri que na verdade nunca a experimentei de fato, foram apenas ideias do que seria viver. Agora não, agora tenho tanta coragem que tenho medo.

A coragem de buscar minha felicidade me mostrou que eu me transformei numa clandestina do outro. Me escondi tanto no outro que esqueci quem sou. Mas já foi pago um resgate e eu estou no meio do caminho olhando pra ilha que vivi e pra o céu que é o meu limite. Espero que até chegar lá o ar pesado tenha se dissipado e eu possa junto com o meu amor achar o melhor caminho.

Não quero tomar rumos que me façam desistir das pessoas que fantasiaram minha perfeição, mas também não quero continuar fugindo de mim mesma. Preciso me revelar na fotografia colorida de quem sou. As imagens preto e branco deram espaço pra alegria de saber-me amada e capaz de amar e hoje é só isso e as conversas aleatórias que me interessam!

27/01/2020

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