Achei que os aniversários serviam de comemoração pelo ano que se passou, pela vida que se viveu, pelas experiências não, experiência é o nome que se dá aos planos frustrados, e ninguém que eu conheça comemora as frustrações.
Mas incrivelmente eu comemoro, eu comemoro mais coisas ruins do que boas, porque na verdade nunca aprendi muito com os momentos de pura alegria.
Eu só aprendo na surdina, no vazio e no silêncio. Só sei que vivo quando sinto a vida e ela só é percebida no gritante escuro da dor, no mais intenso sofrimento.
E eu achei mesmo que os aniversários serviam para comemorar, mas o que se comemora no aniversário senão a própria morte? A morte de um momento, a morte de uma pessoa que já não é mais a mesma, a morte de um existir que agora é menos um ano, menos um tempo.
Ah, mas então o que é o tempo?
Não, eu definitivamente não comemorarei mais uma data que me faz lembrar que não serei para sempre, que não serei eternamente.
E não quero mais saber de relógios, nem de ponteiros me indicando que preciso correr, preciso correr para existir de acordo com o que se prega nesse mundo aqui. Eu quero ser eu sem ter que ser o nós alienado, quero o eu conosco bem, num saudável que é doente pra o mundo que existe entre nós.
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