Aqui já usei quase todo o meu repertório masoquista e desfiz boa parte das minhas ideias comunistas. Esse espaço é meu, mas desejei compartilhá-lo com o mundo, se você faz parte dele...Então seja muito bem vindo(a)!

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Gestos



Minhas mãos suavam e só eu sabia o motivo.
Implicitamente tudo em mim estava sob efeito de uma forte emoção que inesperadamente contive para não ser-me diante deles.

Não me sinto feliz, não sou eu ali.

E há momentos que inutilmente penso em fugir, em fingir, em desaparecer ou fazer-me invisível para não sentir. Porque o que sinto não tem nome, não tem cor, não tem sabor. É um nada que é tudo, tudo o que hoje me impede de ser-me completa.

E sofro.
Tanto que não consigo falar... Se quer consigo arrumar arranjos, gestos ou palavras.
O terrível é que eu não tenho dito nada, e para mim isso tem um peso.
O peso de uma âncora que tento puxar com nós abaixo do possível para mover um navio cargueiro.

Porque para que eu viva preciso dizer a mim aquilo que sinto-sou .
Da dor que a ninguém revelo, porque há muito que espero salvação.

E por esperar, creio. E por crer, me res-guardo e, por me res-guardar, escondo e por esconder: não vejo. É que tenho evitado meus confrontos porque está sofrida...
A minha alma está sofrida demais para suportar a angústia pelo inacreditável que habita em mim, as possibilidades que são minhas, mas que estão aqui: clementes na espera da completa abertura de mim.

Mas estou tentando, hoje dei um abraço e foi muito mais do que achei que podia.
A sinceridade daquele gesto me invadiu e num pequeno movimento corporal me debrucei diante de um ser que me compreendeu o desconforto e não, incrivelmente não comemorou o meu fracasso.

E por respeito e agradecimento a esse Ser (Janne Freitas), não achei nada melhor no momento do que publicar esta postagem.

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