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terça-feira, 31 de agosto de 2010

Um grato

Estava terminantemente sentado a observar os transeuntes que iam e vinham num ritmo tranquilo, mas incessante.

Foi rápido o momento que passou de observador a observado, e aproveitando-se da situação ousou receber carinho, mas numa tentativa frustrada esquivou-se, afinal: era um gato não um homem.

Como tal percebia seu lugar na ordem das coisas e permanecia com o olhar de abandono, de bicho que não se importava mais.

Indiferente a todos, dispersava sua atenção vez por outra nalgum passo mais apressado que podia pisar-lhe afinal: era um gato não um velho homem.

Um velho já bem decrépito estava à espera da sua vez, da hora em que haveria de entrar no transporte que o levaria de volta à sua terra, tão precisa hora em que o gato chamou-lhe a atenção. Foi fatal para a existência persistir em meio ao caos de indigentes ali: ele era um gato mas o velho era humano e o levou para uma cidade bem distante dali.

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