Ouço-a com paixão.
É a minha vida tocada em vários acordes, são partes de um solo de piano mesclados com o belíssimo de um cello e por ora com toques de harpa.
Não a sei expressar tão bem quanto a ouço, talvez em morte ela consiga a si própria dizer.
Desejo todos os dias não somente ouvi-la, mas escutá-la com minhas entranhas a vibrar por tudo que já fui e pelo humano que desejo alcançar.
Tudo parece tão longe e ao mesmo tempo tão perto.
Jamais achei que sentiria a graça, a glória dessa vida, mas achei em vão. Posso senti-la e apesar de serem por momentos tão breves, sinto-a com uma volúpia ardente e inexprimível de tão doce e dolorida. Outrora li que doar-se demais dói, mas e não doar-se?
Deve ser insuportável assim como ouvir uma música e não senti-la.
Insustentável é depois de tudo escutar nada se tornar diferente.
Diferença diferença eu quero a diferença! Deixo a indiferença para os mortos, estou viva e minha música, os instrumentos que venero, sim esses eu preciso, preciso ouvi-los, quero vê-los sempre tocar: Tocar ora a minha própria alma, ora a dos outros.
Deixem-me ir, a música toca e o tempo não pára!
Não doar-se doe tanto quanto doar-se demasiadamente para quem não estar pronto ou disposto a tal...Deixar de viver com medo da dor,do sofrimento,é pedir p/ morrer e,neste momento,nada mais sentir...nem dor,nem amor...nem nada.
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