Quando eu era criança, toda vez em que ficava triste eu me escondia.
Escondia não sei de quê, acho que da tristeza mesmo e de todo, a fuga não era tão ruim assim.
No menor sinal de tristeza, eu corria para me esconder fosse embaixo de uma cama, dentro de uma máquina de costura velha ou mesmo no sóton abandonado à poeira e aos ácaros. Algumas vezes fiquei dentro do guarda roupa, outras dentro do baú do que era a cama de casal deles, não interessava muito o lugar desde, é claro, que o meu objetivo não fosse frustrado.
Tudo o que eu queria era me isolar num lugar completamente improvável de outra presença a não ser a minha própria, e o mais interessante disso tudo é que para surpresa de todos eu continuei com este hábito.
Quando estou triste me isolo na solidão do meu silêncio e na perplexidade dos meus pensamentos; e como tudo isso me reverbera a alma. Como me é necessário esses momentos a sós, como me tornei incrivelmente reflexiva graças a tais horas ao relento fugidia.
A tristeza mudou apenas de proporção, hoje o que é diferente é que, as motivações que despertavam em mim tal sentimento mudaram e claro, não mais ao menor sinal dela sinto desejo de me esconder, até porque já não há mais sótons ou ainda guarda-roupas que comportem as minhas enormes pernas e as grandes tristezas da vida adulta.
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