Aqui já usei quase todo o meu repertório masoquista e desfiz boa parte das minhas ideias comunistas. Esse espaço é meu, mas desejei compartilhá-lo com o mundo, se você faz parte dele...Então seja muito bem vindo(a)!

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

A-braço


Deu saudade...
Saudade de me sentir largada nos meus pensamentos precisos, do meu tempo recolhido.
Não que eu queira voltar, me entenda...sinto saudades apenas de lá!
É que nesse tempo eu só tinha a mim para escutar.

O mal costume foi de me refugiar no res cogitans, como se assim eu pudesse escapar, escapar do medo, do enorme medo de viver, porque eu sempre achei que deveria saber... ninguém nunca me disse que isso não se sabe, que não se aprende, que não se precisa saber.

Sorte a minha, por ter que descobrir isso sozinha.
E a maior sorte é que tive mesmo muita, muita sorte.
Porque minha solidão pude suportar, sem a mim mesma negar.
Mergulhei bem fundo aqui, quase me afoguei na imensidão de mim.
E foi angustiante...de uma angústia sem fim. Eu que sempre me achei tão...? tão pequena, me ver numa condição desmedida, com palavras sendo tolhidas nas reticências de mim. Que contradição! Eu com um gigantismo e um coração bem vívidos aqui.

De repente em mim cresceram braços que me fizeram acolher a pessoa que também vos escreve e vos diz: não é preciso saber viver! E quando finalmente me desvencilhei desse abraço torto e apertado, pude sentir...o vazio, aquele que a vida claramente traz, e temi.

Mas antes de voltar atrás, de me ver de novo incapaz, agarrei! a vida para um passeio, e conversei, por longas horas teimei, até me dar conta de que não tinha sido isso o que eu desajeitadamente sonhei.

Não pude mais fugir, eu e a vida viramos amigas enfim. Só que há sempre uma desavença, vez por hora perco a paciência. Não fui ensinada a suportar muita dor, não sei esconder de mim mesma o evidente, não nego o que vejo aparente.

E sinceramente discordo que é preciso saber viver!
Quem disse isso nunca percebeu que sofrer é inerente e não causa.
Sofrer é parte intrínseca, inseparável da nossa condição.
É ontológico...é nossa única possibilidade para existir, para ser-aí-neste-mundo, agora se existe outro me avisem...porque esse eu ainda não sei!

Um comentário: