É difícil se ver, sobretudo
quando o tempo é curto e há sempre mil coisas a se fazer.
Mas é muito mais difícil suportar
as horas sem se deixar entregue ao tédio, ao ócio, a insônia e a todas as
reflexões daí decorrentes. É que me acostumei comigo mesma, com a minha solidão
necessariamente forçada, com os meus pensamentos, meus confrontos, meus
desafios diários de me olhar cara a cara, e me ver para um diálogo dolorido, mas
franco.
Porque francamente me conheço além
do que gostaria. E por mais que se conhecer tenha lá suas boas implicações, também
tem as ruins. É que me irrita ter medo de mim e saber dos horrores que me
habitam, das fragilidades e das histórias que são apenas minhas e que hora ou
outra me assolam e ameaçam arruinar tudo, tudo-de-novo.
A sombra que me permiti estar por
tanto tempo, me faz lembrar o que deixei à toa.
À toa de mim, à toa pela boba que
sempre escondi... Meu Deus quantas vezes planejei uma saída, uma mentira, uma
inexplicável e absurda mentira?
A ansiedade me causa tormento
pela realidade ser a quase todo momento digerida, va-ga-ro-sa-men-te, por minha
incapacidade de não refletir. É que é uma doença que adquiri desde pouca idade
e que me lembro bem das respostas que de ninguém obtive e que sozinha tive de
descobrir.
E não sei se foi a melhor coisa
que pude concluir, mas enfim... Hoje penso que ou você cria seu próprio manual
de instruções para ser-no-mundo aqui ou o manual deste mundo cria você deturpado
por fim.
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