Aqui já usei quase todo o meu repertório masoquista e desfiz boa parte das minhas ideias comunistas. Esse espaço é meu, mas desejei compartilhá-lo com o mundo, se você faz parte dele...Então seja muito bem vindo(a)!

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Quase


Mau humor genuíno por acordar. E acordar com a sensação de não viver. Sei bem como é e portanto não suporto acordar e ser-me assim inexistente. Ao menos de manhã! Insatisfação mesclada com impossibilidade real de mudança, mudanças aparentemente repentinas.

Ou covardia, poderia ser.

Nunca se sabe se somos nós quem dizemos a verdade ou se são as palavras. São coisas distintas que ainda não descobri.

Alguns dias atrás parei para pensar se de fato as palavras podem realmente expressar tudo o que se sente.

Hoje começo a desacreditar na única verdade absoluta que acreditei por tanto tempo. E talvez a melhor coisa que exista seja esse mistério mesmo que fazem questão de preservar, talvez seja isto que me falta.

Não sei esconder de mim mesma um segredo assim secretamente. Nem disfarço. Nada, nem dor nem alegria, nada. Nunca. Caretas e caras me denunciam. Sentimentos expressos constantemente acabaram tomando o lugar de. E me aborreço. Queria um pouco dessa hipocrisia deslavada, nua.

Cinismo. Sinistro. Desejo sentir medo. Ao menos alguma vez sinceramente preciso falar para. Não consigo ter medo! Eis portanto que sinto raiva, sim sim. Desta maldita dificuldade em sentir o humano em mim. Deveria temer-me, mas nem isto. Porque sobretudo me conheço e sei que nunca passo além daquela linha. E às vezes como é difícil não passar.

A incerteza de tudo me consome, não sei lidar com a dúvida. O quase me deixa louca! E impressionantemente me vi agora como alguém que adora viver sobre esse quase. Logo eu que tanto falo do masoquismo de alguns humanos. Estranho. Bizarro mesmo é depois de tudo isso ainda não me sentir completamente humana.

Um comentário:

  1. "Ninguém pode esconder um segredo. Se a boca cala, falam as pontas dos dedos."(Freud)


    Adorei a parte que diz: "O quase me deixa louca! E impressionantemente me vi agora como alguém que adora viver sobre esse quase."

    E não haveria fim melhor do que "(...)depois de tudo isso ainda não me senti completamente humana."

    Pode ouvir os aplausos? São meus, para a escritora mais louca e imprevisível deste blog. muito bom. É "quase" fabuloso (piada infame, mas incontrolável. Espero que esteja rindo agora).

    Obrigada pelos bons textos. Sou fã.

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