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quarta-feira, 9 de junho de 2010

Bettahs


Criavam peixes. Não porque gostassem, mas porque era o único animal permitido pela avó e dona do lar. A alergia que o simples cheiro de todos os demais bichos causavam se tornava grave a cada crise.
Por um tempo relativamente longo se interessaram por aqueles pobres animais enclausurados de forma tão impiedosa. Iam pescar suas vítimas numa lagoa pertinho de casa fazendo uso dos melhores materiais de pesca que uma criança poderia imaginar: peneiras e escorredores de macarrão!
Foram tricongates, muitos por sinal. Guarus, piabas e quando já tinham se tornado doutores na criação começaram a comprar bettas. E foi um período estimulador, passavam boa parte do dia vigiando os bichanos. Até que um dia, um peixe, justamente o meu peixe, tentou suicídio para não ser comido por um gato. Lançando-se do aquário a quase um metro e meio do chão ficou se debatendo ao que eu rapidamente o socorri.
A culpa tinha sido da gata do meu avô cujo nome recordo-me bem: Caduquinha, que de caduca para matar nada tinha. E descrevendo isso dou risada ao lembrar do meu desespero infantil e da raiva que tive quando descobri que nada dura para sempre, nem mesmo os peixes!
Quase aos prantos minha alma estava, numa aflição danada e na hora não pensei em outra coisa...Lá fui eu com meu peixinho (uma betta leitão) na mão, ela tentando sofregamente sobreviver enquanto eu a afogava em lágrimas e súplicas. É usei toda a minha fé ali, vai ver por isso as montanhas mais tarde nunca se moveriam.
Com veemência pedi a Deus que salvasse aquele meu objeto de amor. E ela coitadinha, já sem fôlego foi posta na água logo após o término do pedido. Embora todos os adultos da casa terem insanamente gargalhado da situação, e de terem feitos críticas fundamentadas em não sei o quê, o meu peixinho não morreu naquele dia, na verdade veio a óbito meses depois após uma cria. Isso é o que dá querer milagre duas vezes!

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