
Que profunda declaração recebi ao me perguntar inusitadamente por que precisava manter este blog.
Além deste encontro tão preciso, é nele também que expresso minhas vivências diárias, minhas dores, meus rancores, minhas lutas travadas intempestivamente com a realidade que me cerca. Há por isso quem me critique, me rejeite, me inveje.
Há também quem me ame silenciosamente em gestos, quem me admire com uma nobreza que tenho medo. Sim, medo de por isso mostrar que sou fragilidade, sou sensibilidade. Assim, tenho medo de me revelar por inteiro já que o mistério todo é necessário e acho que perdi, ou nunca tive... não sei, não sei a isso responder.
E me fitar nesse encontro semanalmente, no indizível das palavras malditas e mal escritas aqui, me ajuda a recolher as minhas dores para retalhá-las num texto pequeno de uma hora amarga. Mas também escrevo para minha alegria, para rir docemente das lembranças, e das idiotices indispensáveis à vida.
Escrevo para me falar que eu digo, sim e tenho dito. Não me importam as adaptações, não me importam. Importa o que está implícito nestas silenciosas linhas, nestes pequenos traçados da memória, nestas marcas aqui deixadas.
Se me criticas, então faças melhor, penses melhor, sintas melhor. Não to direi para ser melhor porque isso de fato é impossível. Porque numa coisa somos iguais, e sabemos disso. Iguais na condição humana, mas diferentes na sensibilidade de avaliar a dor de Ser num mundo absurdamente injusto.
Você não sabe o que a injustiça causa no homem, nunca sentiu a injustiça ferir-lhe o coração pois se assim o fosse não seria injusto. Você nunca sofreu por injusta causa; já eu desde cedo por perceber que tudo podia ser diferente se as pessoas agissem honestamente... Então poupe-me de críticas desajustadas da sua deturpada visão de mundo. Poupe-me de comparações alucinadas, de projeções fantasiadas em sua maneira de viver.
Quero apenas ser quem sou e posso, aliás... Como vês eu sou. Sou, sinto e me encontro comigo aqui e não é você quem vai destruir o que quero fazer de mim e se o que escrevo é de fato bom ou ruim.
Vai um conselho: seja você e me deixe ser eu assim!