Aqui já usei quase todo o meu repertório masoquista e desfiz boa parte das minhas ideias comunistas. Esse espaço é meu, mas desejei compartilhá-lo com o mundo, se você faz parte dele...Então seja muito bem vindo(a)!

quinta-feira, 10 de julho de 2025

Uma carta para lembrar

Você sabe como escrever uma carta? Venha relembrar! 

Nos dias tristes, tenha um Pinscher, pois seu coração aos pedaços precisa de alerta e leveza.

Nos dias silenciosos, tenha um gato, um companheiro tranquilo que entende seu silêncio.

Nos dias nublados, tenha uma calopsita, com cores suaves para pintar sua alma cinza.

Nos dias ensolarados, tenha uma Shih Tzu, com alegria vibrante para celebrar a luz.

Nos dias sombrios, tenha Deus, alguém maior para sustentar o que você não sustenta. E nos dias alegres, tenha a certeza de que esses momentos também irão embora — mas, acima de tudo, no dia a dia, tenha um amigo para compartilhar os piores pensamentos sem medo. Alguém com quem arquitetar um crime que nunca será cometido, mas que faz sentido só por existir na imaginação de vocês. Alguém que, mesmo em silêncio, entende o que seu coração quer dizer, mesmo sem palavras.

Obrigada por ser essa amiga. Mesmo imperfeita, você está aqui — e sabe que eu também estarei, sempre. Sem saber como, nem quando ou onde, mas juntas, existimos. Obrigada pelos dias alegres e principalmente pelos dias tristes. Por me fazer rir do ridículo, pelo seu humor negro — às vezes horrível, mas que me faz gargalhar até a alma vibrar.

Você é incrível.

Às vezes só falta acreditar mais nisso.

sábado, 7 de março de 2020

Clandestinamente



Eu não entendo, mas me eximi no momento de entender. Não quero entender nada, apenas sentir. É que me foi podada a liberdade de ser quem sou para satisfazer quem querem que eu seja...e eu simplesmente cansei. Só agora me permito a liberdade de não entender, uma vez que não entender presume confiar na vida. E eu sei, posso me arrepender, mas não há quem nunca tenha se arrependido, não é mesmo? Então entre se arrepender de ter vivido e não ter vivido, melhor será a primeira opção.

Estou sentindo. No momento a única coisa que almejo é respirar o ar sem peso. Sem esse peso todo que colocaram no oxigênio que eu respirei por 32 anos. O peso de uma vida perfeita, de uma filha, neta, sobrinha, prima perfeita. De alguém que não tem o direito a fazer escolhas pensando somente em si.

Espero somente que o peso que ainda insiste em permanecer seja dissipado pela alegria de ser quem sou ao lado de quem hoje eu não entendo como, mas amo. Amo simplesmente a ideia de estar com ele, mas amo muito mais a pessoa e a realidade dos fatos. Não cabem idealizações, não cabem esteriótipos de perfeição. A gente briga, eu surto, ele surta, a gente viaja nas ideias, curte o silêncio e o abraço, reclamamos das coisas que não gostamos, ele é um porre com horários (pontual demais é defeito pra mim) e sim, ele tem sido minha felicidade clandestina desde 18 de novembro em que secretamente decidi me apaixonar.

Eu decido as coisas pensando. É estranho, mas é meu modo operandis. Sempre penso, penso tanto que chego a exaustão de mim. Uma overdose de sinceridade entre mim e Deus surgiu a partir desse dia. Eu quem respiro pesado porque Deus foi me apresentado como o carrasco de minha existência. Mas estou ressignificando a imagem e a vida (embora ainda espere Deus se levantar e lançar seu castigo sobre sua filha rebelde).

É que não sei como se pode viver sem entender tudo. Mas viver tem sido mais prazeroso do que ter respostas e mais do que respostas eu tenho tido amor. E amor é resposta, mas também é pergunta, e eu adoro indagações. Passo horas em devaneios e perdida em questionamentos. Eu que resolvi amar quero ver se consigo aguentar a pressão de ser quem eu sou e ainda não fugir da minha vida. Eu quem agradeço a Deus a vida descobri que na verdade nunca a experimentei de fato, foram apenas ideias do que seria viver. Agora não, agora tenho tanta coragem que tenho medo.

A coragem de buscar minha felicidade me mostrou que eu me transformei numa clandestina do outro. Me escondi tanto no outro que esqueci quem sou. Mas já foi pago um resgate e eu estou no meio do caminho olhando pra ilha que vivi e pra o céu que é o meu limite. Espero que até chegar lá o ar pesado tenha se dissipado e eu possa junto com o meu amor achar o melhor caminho.

Não quero tomar rumos que me façam desistir das pessoas que fantasiaram minha perfeição, mas também não quero continuar fugindo de mim mesma. Preciso me revelar na fotografia colorida de quem sou. As imagens preto e branco deram espaço pra alegria de saber-me amada e capaz de amar e hoje é só isso e as conversas aleatórias que me interessam!

27/01/2020

domingo, 7 de julho de 2019

Mamãe, qual o sentido?


Estava procurando um livro para ler agora que entrei de férias e ironicamente me deparei com o primeiro livro de Psicologia que comprei enquanto era uma simples graduanda..."Mamãe e o sentido da vida", de Irvin Yalom, que não por acaso, não concluí a leitura. Parece-me que esse livro me atraiu mais uma vez, (existe atração à segunda vista?) Espero que sim, pois de fato parece que o universo inteirinho conspirou e parou pra que eu o lesse novamente, mas dessa vez não como uma inexperiente que apenas tenta e fracassa, mas sim como alguém que deseja descobrir o real sentido das coisas.

Diferentemente de antes, hoje eu reconheço que preciso estar pronta. Mas ainda me encontro nas trincheiras da abertura necessária para o confronto. Dói-me o tapa na cara, no entanto ele é fundamental. Por isso quero ler este livro como quem descobre o manual, o passo a passo para o destino, e faz da leitura o caminho para a mina.

Hoje, eu que estou em busca do sentido me encontro consciente dessa busca e sigo me cobrando o respeito do nada fácil processo...logo eu que sempre quis avançar etapas por não suportar a dor da reconhecida falibilidade. É que encontrar o sentido das coisas, do que faz bem e do que não, do que é meu e do que não, dos meus fantasmas e do dos outros, do que sou boa e do que não, me levou a entender o mundo todo  por uma única perspectiva, porque crescer em um ambiente onde nada era bom suficiente às vezes gera uma busca insaciável por uma padrão que particularmente já não tenho me permitido mais.

É cruel cobrar-se tanto, portanto apenas vivo, isso já tem sido mais do que necessário por hora. Aliás, por falar em hora, me dei conta exatamente agora de que assim como na história do livro, minha mãe está em quase tudo que envolve algum sentido. Isso porque como bem disse Yalom "[...] os filhos que foram maltratados geralmente acham difícil desvencilhar-se de suas famílias disfuncionais, ao passo que os filhos crescem e se desligam com muito menos conflito de pais bondosos e amorosos" (p. 14). Talvez esta seja a razão para que eu apesar de estar morando sozinha há anos ainda não tenha aceitado a minha real condição de solidão.

Por fim, posso sem medo de pré-julgamentos equivocados afirmar que a vida está me convidando a dar sentido para tudo o que outrora não tinha sentido algum, ou aliás, tinha, porém um sentido deturpado pela alienada maneira de viver de meus pais, sobretudo de minha mãe que usou de meu silêncio para calar suas próprias dores. Então para minhas dores, hoje quero oferecer empatia. Para os dissabores um sorvete palatável sem pressa ou agonia. Para minhas tristezas muitas vezes silenciadas em medos e padrões de pensamento limitantes, paciência e desconstrução. Para a intolerância, bondade. Para a rejeição, doses cavalares de amor próprio.

E para mim apenas sentir, seguir e dizer: o caminho do sentido e o sentido do caminho não quero apenas encontrar, quero reinventar, e se necessário for destruir para me re-construir. 

segunda-feira, 24 de abril de 2017

Culpa e reparação



Eu só funciono à noite, adoro escrever, e sim, escrevo bem. Penso demais também, e seguindo o fluxo acelerado dos meus pensamentos sofro exaustivamente, na mesma intensidade que minhas desesperadas sinapses. No entanto, já aprendi a me manter neutra quando estou transformando alguma informação em conhecimento, e não mais me apresso em emitir minha opinião mesmo quando solicitada. Penso duas vezes, afinal aquela idade em que a impulsividade dá lugar à paciência meio que chegou, forçada ou não, mas chegou.  

Queria dizer aqui também, já que parece um confessionário, que gosto da sensação de estar sempre aprendendo, mas tenho uma enorme dificuldade com rotinas. Estudo por lazer, leio por prazer, pesquiso por puro ódio ao tédio da ignorância. E é como um êxtase, me entrego por completo! Porém agora me recordo que esse problema é antigo e que certa vez um professor me falou sobre esta dificuldade de seguir rotinas, e isso em tom de questionamento afirmativo (se é que vc me entende!)... Mas eu senti como uma grave acusação, claro! Como assim descobriram minha maior fraqueza sem meu consentimento?! Diante do fato me denunciei, obviamente não com palavras, apenas com uma expressiva careta. Tenho mesmo, não nego, nem jamais virei a negar que odeio rotinas, embora reconheça a urgente necessidade que tenho delas. Preciso de rotina pra fugir um pouco de mim mesma, porque sofro de ansiedade aguda, latente, desesperadora, e o ócio nunca é produtivo se eu não me agarrar a algum livro ou de vez em quando a um dorama (também sou gente e adoro um drama!). Mas, como tudo na vida, sou feita por épocas...e esse é meu maior drama! É que me entedio fácil, nem sei explicar. O que hoje me chama muita atenção eu esgoto em algumas horas e já era. Eu sou aquele tipo de pessoa louca...na minha vida há momentos em que só assisto dramas históricos e há outros em que comédias românticas clichês me salvam.

Tô aqui descrevendo essas coisas todas como se fosse acordar amanhã após 8h de sono reparador. Mas além de já ter ultrapassado a hora máxima pra dormir esta noite, eu tô pensando é na aventura que vai ser acordar na hora certa amanhã (nas 1000x que vou colocar o despertador na soneca!), na aula de terça que vou dar, no que vou comer amanhã e de praxe no ócio do dia de hoje que graças a uma gripe ou virose ou infecção respiratória (sei lá o que é que tenho!) passei o dia mal, a maior parte deitada após muitas nebulizações. Mas nem sei porque loucamente comecei a disparar e escrever aqui. Honestamente meu ócio chegou no limite do inaceitável e talvez isto aqui seja uma tentativa de dizer que não foi tão ruim assim..

Tenho 8 meses pela frente, muitos quilômetros a percorrer, muitos livros a ler, muitas unhas por pintar, muita gente tediosa a aguentar, muitos alunos pra responder, muita gente boa a conhecer e muita gente chata também a aturar. Mas sobretudo tenho tempo pra usar e francamente essa é a parte que me assusta. Preciso de uma rotina diária pelo menos de alimentação decente, balanceada, até porque não conheci ninguém que sobreviveu de livro, filme e internet (a ordem a gente nem vai comentar!). Estou necessitada de uma atividade física e esse texto nem é uma tentativa de recriar aquelas listinhas mentais que todo ano a maior parte das pessoas fazem para se prometer o que vão e não vão fazer no ano que se inicia. Eu tô escrevendo por algum desencargo de consciência mesmo sobre o dia de hoje. 

Fazia um tempão que não me sentia culpada por ficar largada no ócio, talvez porque me deixei entregue ao meu corpo preguiçoso, esguio e febril não apenas hoje. Agora o cérebro pensa e o corpo padece, porque a culpa é uma merda. Mas chega de dias ociosos demais, inúteis demais, fúteis demais. Chega de ficar na superficialidade, mesmo que o existencialismo sartreano tenha me cansado. Eu quero é sofrer! Ficar na impropriedade, no inútil do Ser não deve durar mais do que 1 mês, e acho que tô batendo o recorde nisso aí e é melhor começar a ter medo mesmo... vai que eu me acostume e ache a inexistência confortável?! 

Agora já deu minha hora e preciso ir, prometo voltar aqui pra falar sobre qualquer coisa, mesmo que existencialista demais, mesmo que sobre Nietzsche! Beijo para mim e para quem teve paciência de ler até o fim.

domingo, 22 de janeiro de 2017

Quem sabe?



Eu podia escrever crônicas, quem sabe? Sob um molde terapêutico, talvez. Uma forma de expelir meus demônios interiores que há meses recuso se quer lembrar que os tenho. Já faz tanto tempo que não me escrevo numa linha torta qualquer que até temo por essa ousada investida de início de ano.

É que estava relendo o prefácio (é eu leio prefácios!) do livro que não sei por qual miserável razão eu adio a leitura do infeliz infinitamente. O livro? O carteiro e o poeta.

Mas, voltando...Depois de alguns parágrafos lendo o prefácio me senti identificada, e incrivelmente me peguei pensando: “Por que não? Why not? não é mesmo?!” Por que não escrever diariamente? Ou semanalmente pelo menos? Não por obrigação, talvez sim, uma obrigação disfarçada de amor.

Não entendo como o que mais amo fazer deixei de lado e sucumbi ao tédio das palavras ditas, aliás, (mal)ditas. Sempre achei que me expressava melhor por caneta e papel. Pode ser apenas uma ilusão minha, talvez, quem sabe? Ultimamente não tenho feito nada além de me permitir muitos devaneios! Aliás estou entregue às baratas, uma pena que nem é a barata de G.H, se é que você me entende.

Estive pensando no quão sacrificante foi escrever durante o mestrado e qual a relação deste suposto bloqueio pra me dizer escrita numa crônica bonita ou numa história boba. Por hora só tenho conjecturas, e preguiça, claro!

Muita preguiça. Mórbida, existencial até.

Agora só lembro que assisti mais alguns episódios (quatro pra ser mais precisa!) de um seriado coreano, Amor e Casamento. Ah e também cortei as unhas das mãos, estou me sentindo completamente desprotegida, porém leve, sem minhas garras de tamanduá.

Não tenho muito sobre o que falar agora, estou quebrando um movimento de resistência que já dura dois anos.  Então, paciência, é a palavra da vez, aliás, é a palavra da vez desde a metade de 2016. E é ela que falo e peço todo santo dia quando me vem a vontade de escrever, mas a solidão poeta me assola dizendo “pra mais tarde”... “Deixa pra mais tarde!” e assim eu nunca retomo. Só que hoje já é mais tarde de todas as tardes, já é madrugada de 2-0-1-7. Dois anos de uma vida de desprezo às palavras. Essas e milhares de outras escritas aqui!

Tenho coisas a falar, quero começar por um absurdo inicial. Mas tenho preguiça. Por hora deixarei pra depois. Amanhã? Talvez...Quem é que sabe?