Aqui já usei quase todo o meu repertório masoquista e desfiz boa parte das minhas ideias comunistas. Esse espaço é meu, mas desejei compartilhá-lo com o mundo, se você faz parte dele...Então seja muito bem vindo(a)!

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Olhos



Num relance inóspito vi, toda a minha nova vida nos olhos de um gato, e tudo passou tão rápido. A vida de agora, tão afoita, traiçoeira, desejante...como de um gato, como de um ser vivente.

Os perfumes que agora sinto são outros, são da minha nova percepção de mundo, do que ressignifiquei, do que duramente enfrentei. E descobri como são felizes os gatos com suas 07 ousadas e ferozes vidas. Com todos os riscos implicados, aceitos, não mais negados.

Impressionantemente vi o que sobrou, um filme bobo...uma história de poucas pessoas e de fracas memórias. Deixarei ser como será, deixarei de planejar medidas para me poupar, eu vou continuamente mergulhar nesses olhos profundos de gato traiçoeiro sem o medo insano de sofrer, é condição, é fato, é possibilidade que não se deve evitar...é vida.


quinta-feira, 24 de novembro de 2011




Meu coração está apertado aqui dentro e deseja falar. Mas eu não saberia expressar o que se passa e não tenho a menor disposição para. Talvez esta seja a razão para estar como estou agora, mas não vem ao caso, não agora.

O que vem é que estou me esforçando para ouvir o que minha alma doída quer me dizer, justa hora que estou querendo esquecer o que passou. Porque eu não fui pensando o pior, eu acreditei e novamente dei uma oportunidade. Eu abri as portas de uma casa não meramente física, foi um espaço para além das fronteiras metafísicas. E ter esperado o mínimo de consideração, de respeito nunca foi aberração pra mim que sempre tentei um pouco disso oferecer.

Mas eu não poderia esperar diamantes de quem não tem nada além de cobre, não poderia e não foi o que fiz. Iludidamente esperei e acreditei que era possível vencer um embate que dura 04 anos e que já me tirou o sono por noites a fio. Não quero aqui apontar nada, apenas estou triste comigo porque eu quis acreditar em quem não merecia, quis esperar o que não podia, quis o impossível e agora estou aqui lamentando ter dado esse passo.

Porque eu preferiria mesmo covardemente nunca ter dado esta chance do que ter sofrido as implicações de ser quem verdadeiramente sou. É que estou cansada e não vejo mais possibilidades diante de pessoas que convivi infelizmente por tantos anos. Cansada de tanta hipocrisia, de tanta desonestidade e deslealdade a mim e à profissão tão bela que coincidentemente ou não, escolhemos.

Só isso, estou cansada dessas tristes coincidências!


terça-feira, 8 de novembro de 2011

Destolher



Estive repensando...refazendo, revivendo.
Ressignificando.

Foi dolorido nos primeiros momentos, e assustadoramente um masoquismo necessário.

Precisava sofrer as consequencias de enfrentar o medo que me apropriei tão bem...medo da minha enorme vontade de viver. Viver mesmo a vida, com todas as emoções e inconstâncias necessárias para me sentir

Sendo.

E impressionantemente eu me vi enorme e não, dessa vez meu olhar não se apagou, o espelho que me revela não se quebrou depois. Não por acaso, não descartável...vi que era mais do que preciso, era inevitável a revelação de mim.

Mais do que receber bons ósculos, sei que dei um passo ao encontro das vontades que sempre rejeitei.
E já fazia tempo que fugia, renegava e corria  às léguas de mim.
Como permiti que o medo fosse maior do que todas as coisas que sempre quis?

Descobri e agora não há quem me faça resistir.
Vou em frente e esse é só o começo de mim.


quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Senti-mental



Está difícil sobreviver, sobretudo porque mal comecei e já tenho sentido aquela vontade insana de desistir. Porque queria ser adivinhada, sentida, absurdamente sentida.

Não gosto de resistir por razões meras e megeras, razões sempre racionais. É que quero sentir a vida sentimentalmente, eu que nego a sentimental que sou.

Preferencialmente pediria não existir, mas me lançaram no mundo e cá estou.  Queria mesmo era ser forte e insistir, mas a inconstância tem sido maior e o desespero começou a me sucumbir.

E a cada hora que passa eu agradeço por estar viva e não estragar as possibilidades de mim. Mas é que há um preço muito grande na autenticidade que escolhi. Não fazer o que sempre fiz, não cuidar mais dos outros como forma de esquecer de mim. Cuidar apenas de si em tempo integral sem ter sido ensinada é mais difícil do que um dia imaginei conseguir.

Tenho vontade de vomitar toda minha existência, mas também tenho medo. Medo de tudo só caber num grande prato raso.  E me pergunto se é mais duro não se amar ou amar-se e morrer de culpa?  Não posso mais contar apenas comigo mesma, agora sei e não nego que preciso de alguma coisa pra me segurar. Por um momento que seja...uma só pessoa que seja.

É que permanecer de pé tem sido mais difícil do que caminhar nos passos tortos e trôpegos que acostumadamente caminhei. Eu que fraca e humana sou estou pedindo mais do que paciência, peço também benevolência, não posso correr ainda, minhas pernas estão encolhidas e mal estou aqui.

Não quero assistencialismo, paternalismo, pena.
Odeio sentir pena das pessoas, ninguém merece ser digno de tão mesquinho sentimento. Se alguém puder sentir alguma coisa por mim que não seja pena e nem vou me dar o trabalho de dizer o por quê.

Preciso apenas sentir que não estou só, que posso olhar nos olhos e encontrar-me com alguém além de mim. Talvez, eu esteja pedindo muito...gostaria dessa vez de não ter razão.  

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Desabafo


Estou procurando minhas amarras...de repente, em menos de 10 minutos, o céu sumiu e o chão afundou. E nem foi porque não tentei fugir. Fugir foi o que fiz desde os meus 13 anos. Fugi obstinadamente de pensamentos persecutórios e de culpas descabidas, tentei apagar tudo e ao mesmo tempo nunca esquecer, porque esquecer seria perdoar e perdoar era a última coisa que eu queria.

Porque perdoar tem limite e o limite que eu der.

Violaram meus direitos e eu tive que contar apenas comigo e com os comigos de mim. Ninguém sabia, exceto eu e Deus. Ninguém sabia o que eu escondida atrás daquelas máscaras, até agora, até ontem.

Não queria aumentar a culpa que sempre carreguei.
Ser motivo de preocupação e ainda escutar que as neuroses tinham razão.
Agora sem minhas injustas medidas eu tento sobreviver, sobreviver a um ataque de cuidado. Cuidado que me deixou com a alma doída, doída de não saber o que fazer. De ter vontade de correr e de não fazer por medo de com isso novamente só perder.

Mas então o que foi isso que ficou? Que dor é essa que não passa, que não fala, que não quer ir embora? E por que o cuidado só apareceu agora quando já nem esperava mais? Quando já tinha dado por encerrado, quando já tinha resolvido matar minhas possibilidades!?!

Por que há um vazio que nada preenche? Por que as horas não passam e as lágrimas não cessam? Eu tenho perguntas e eu quero as respostas!

Estou tentando fazer da minha dor a minha super-ação, mas não, não, não está sendo fácil. Arrancaram o que eu pensei saber secreto e agora eu não tenho como escapar de novo dos antigos e reais pensamentos.

Hoje só me pergunto o que vou fazer com o que sobrou de mim...'meuDeus' será que vou conseguir? Em ti espero e confio, não me deixe só, nem me desampare, amém.



sábado, 15 de outubro de 2011

Rosa


Fui obrigada a repensar toda minha vida em segundos. Por quê?!
Porque abruptamente perdi e as perdas são sempre dolorosas demais a mim.
Precisava de mais tempo para repensar tudo assim, para aceitar a realidade enfim. Mas a fugacidade da vida me induziu sem escolha, não deu para resistir. É que na dor ou na presença do medo não me restou muita coisa, a não ser deixar as lágrimas expressarem meu descontentamento, minha decepção.

Esperava mais da vida, eu que recentemente fui levada a crer que precisava viver.
Viver pelas escolhas que fiz e não pelas que sofregamente resisti.

E já faz quase dois meses da iminente sempre presente, perda, e eu penso se fui honestamente fiel ao que deixei por mim...aí olho para trás e vejo tanta inautenticidade que dói sentir, sentir o significado das coisas que por medo nunca aceitei o fim.

Eu preciso seguir em frente, mas alguma coisa me chama para olhar se ainda há água no poço. É que parece que o passado não quer me deixar sentir o presente bem e a contragosto dele, eu tenho urgência.

Sei que não posso mais ir adiante sem aceitar as implicações do aí, daquilo-que-é, da minha vida-no-mundo e do que fica: a saudade doída de uma pessoa querida que in-felizmente descansou.

Eu poderia ter sido mais forte, mas hoje isso é tudo que sou.
Você deixou marcas tia Rosa e eu sempre vou sentir sua falta.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

A-braço


Deu saudade...
Saudade de me sentir largada nos meus pensamentos precisos, do meu tempo recolhido.
Não que eu queira voltar, me entenda...sinto saudades apenas de lá!
É que nesse tempo eu só tinha a mim para escutar.

O mal costume foi de me refugiar no res cogitans, como se assim eu pudesse escapar, escapar do medo, do enorme medo de viver, porque eu sempre achei que deveria saber... ninguém nunca me disse que isso não se sabe, que não se aprende, que não se precisa saber.

Sorte a minha, por ter que descobrir isso sozinha.
E a maior sorte é que tive mesmo muita, muita sorte.
Porque minha solidão pude suportar, sem a mim mesma negar.
Mergulhei bem fundo aqui, quase me afoguei na imensidão de mim.
E foi angustiante...de uma angústia sem fim. Eu que sempre me achei tão...? tão pequena, me ver numa condição desmedida, com palavras sendo tolhidas nas reticências de mim. Que contradição! Eu com um gigantismo e um coração bem vívidos aqui.

De repente em mim cresceram braços que me fizeram acolher a pessoa que também vos escreve e vos diz: não é preciso saber viver! E quando finalmente me desvencilhei desse abraço torto e apertado, pude sentir...o vazio, aquele que a vida claramente traz, e temi.

Mas antes de voltar atrás, de me ver de novo incapaz, agarrei! a vida para um passeio, e conversei, por longas horas teimei, até me dar conta de que não tinha sido isso o que eu desajeitadamente sonhei.

Não pude mais fugir, eu e a vida viramos amigas enfim. Só que há sempre uma desavença, vez por hora perco a paciência. Não fui ensinada a suportar muita dor, não sei esconder de mim mesma o evidente, não nego o que vejo aparente.

E sinceramente discordo que é preciso saber viver!
Quem disse isso nunca percebeu que sofrer é inerente e não causa.
Sofrer é parte intrínseca, inseparável da nossa condição.
É ontológico...é nossa única possibilidade para existir, para ser-aí-neste-mundo, agora se existe outro me avisem...porque esse eu ainda não sei!

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Manual



É difícil se ver, sobretudo quando o tempo é curto e há sempre mil coisas a se fazer.

Mas é muito mais difícil suportar as horas sem se deixar entregue ao tédio, ao ócio, a insônia e a todas as reflexões daí decorrentes. É que me acostumei comigo mesma, com a minha solidão necessariamente forçada, com os meus pensamentos, meus confrontos, meus desafios diários de me olhar cara a cara, e me ver para um diálogo dolorido, mas franco.

Porque francamente me conheço além do que gostaria. E por mais que se conhecer tenha lá suas boas implicações, também tem as ruins. É que me irrita ter medo de mim e saber dos horrores que me habitam, das fragilidades e das histórias que são apenas minhas e que hora ou outra me assolam e ameaçam arruinar tudo, tudo-de-novo.

A sombra que me permiti estar por tanto tempo, me faz lembrar o que deixei à toa.
À toa de mim, à toa pela boba que sempre escondi... Meu Deus quantas vezes planejei uma saída, uma mentira, uma inexplicável e absurda mentira?

A ansiedade me causa tormento pela realidade ser a quase todo momento digerida, va-ga-ro-sa-men-te, por minha incapacidade de não refletir. É que é uma doença que adquiri desde pouca idade e que me lembro bem das respostas que de ninguém obtive e que sozinha tive de descobrir.

E não sei se foi a melhor coisa que pude concluir, mas enfim... Hoje penso que ou você cria seu próprio manual de instruções para ser-no-mundo aqui ou o manual deste mundo cria você deturpado por fim.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011



Há tempos atrás tudo hoje parecia impossível. Jamais pensei que chegaria aonde cheguei, que caminharia por onde sofregamente me encontrei. Mas a solidão do tempo se encarregou de me ajudar nas perdas, nas incontáveis perdas. Difícil era imaginá-las, muito pior foi ter que aceitar elaborá-las.

Quando o passo é lento a impressão é que o caminho é imenso, foi o que aprendi até aqui. Quando a dor é grande, o remédio nem sempre é o tempo, os dias e as horas podem até virar tormento. Mas pessoas podem trazer alento e eu incredulamente consigo visualizar esse crescimento.

Foram degraus absurdamente altos para subir, foram noites de lágrimas, de insônia, de desesperos que pareciam nunca ter fim. Só que eu cheguei, finalmente cheguei no antepenúltimo...e pensei repentinamente na altura que me vejo, uma altura antes não desfrutada pela impossibilidade de enxergar-me sem a mácula que costumeiramente aceitei dos outros.

Mas agora eu posso ver o tamanho do rasgão do vestido sem que para isso eu me sinta nua, despida das esperanças que havia quase abandonado. Já me vejo com a beleza necessária de uma criança que aprendeu a andar. Ando com pressa porque tenho ânsia e medo, medo de tudo rapidamente evaporar. Porque quem já perdeu sabe com o que teve que lidar. E quem muito recebeu jamais saberá se acostumar com pouco, quem amou não se contentará com o ódio, quem foi amado não se satisfará com o gostar e quem teve amigos jamais se adaptará a relações por interesse.

Estou aqui porque era isso o que eu tinha que descobrir por mim, sozinha e sem muletas eu sei que perseverei até o quase fim. Porque eu não errei quando intuitivamente acreditei que era este o curso que eu tinha que seguir, e eu estou feliz pelos que me acompanharam até aqui, pelos que nos bastidores esperavam minhas melhoras de mim.

Ao Deus que me deu mais do que esperei, minha eterna gratidão. Aos que me infligiram dor, me invejaram, me excluíram e subestimaram, obrigada! Porque eu sei que o sofrimento não foi nem será vão, na prática que escolhi não. Porque eu acreditei nas confortantes palavras de uma pessoa que me ajudou e tem me ajudado nesse encontro com o fim. O fim de um ciclo e o início de outro.

A vocês o meu muito obrigada! 

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Ao amor




Esse mês faz um ano. Um ano que resolvi tomar as rédeas da vida, e demorei porque sabia...Grandes dificuldades eu teria! É que estava implícito, eu renunciaria a inautencidade que me sustentou por três longos e dolorosos anos aqui.

Eu precisava me amar, não é que seja tão difícil...é que eu não compreendia como a pessoa que sou se transformou na pessoa que hoje é. Não queria tolerar e respeitar o que precisei me tornar para sofregamente suportar. A realidade de tudo na minha vida mudou e eu precisava acompanhar. Não poderia substituir aquilo que naturalmente sou, ninguém pode, mas inutilmente tentei.

Tentei porque fui amplamente criticada, duramente excluída, fatalmente julgada.
Tentei porque a dor era maior do que a ausência, do que estar só num mundo desconhecido. A dor era por me fazer lembrar coisas piores que eu tive que passar.

Já não havia mais o meu mundo de lá, não podia então confiar.
E intolerância por tolerância hoje eu tive que trocar.

Porque para amar é preciso renunciar, porque amar é uma escolha e eu escolhi não mais me maltratar. Eu necessitei do meu carinho e agora estou pronta para finalmente me olhar.

Fundo, olho no olho. E ver neles luz, esperança, salvação.
Não mais olhar para trás, para a vida que deixei.

Eu quero recomeçar em mim e depois retomar os vínculos das pessoas que nunca quis magoar, mas magoei. Porque me abandonando abandonei todos que amei, todos que um dia falei: não vou te deixar. Eu desprovida de afetos por mim mesma, me deixei. Largada por rejeitar aquela que absurdamente me tornei.

E hoje me admiro porque do outro lado provei e reconhecendo as potencialidades humanamente minhas, desafiei.  A vida para um duelo, que sei...Surpreendentemente sei que sou mais forte do que um dia pensei.

Por isso, hoje, agora e sempre me respeitarei.


sábado, 3 de setembro de 2011

Noite




Depois de uma noite mal dormida você acorda com uma vontade de não sei o quê. 
E é impressionante dizer o quanto um não repouso pode em segundos acabar com os seus planos para o dia seguinte.

Minha gratidão por viver foi sucumbida pelo desespero de acordar com taquicardia, horror e medo, muito medo. Tudo isso terminou no meu súbito despertar, quando levantei-me depressa e tudo o que eu poderia fazer às quatro horas da manhã, fiz.

Sentada na cama fiquei, e chorei. 
Por um tempo que nem sei, chorei muito mas nada. 
Gritos clementes de socorro ao Deus. Nada.

Não quis acalmar os nervos que aos espasmos me deixaram durante todo o resto da manhã. 

Tudo o que eu quis foi chorar e me deixar ficar, me permitir sofrer por antecipação ao horror mesmo. Por amor, por amor àquela que me foi anteparo por toda a vida, por isso mesmo acordei do pesadelo e não quis ser grata, não hoje, não agora. 


sábado, 13 de agosto de 2011

Desconstrução



Depois de derrubar uma muralha fica o sorriso já gasto de quem aprendeu a se res-guardar para se proteger.

De repente reapareceu a coragem, a coragem que sempre fugiu quando quis acreditar e ser-quem-sou...uma mulher sem véus e com vestidos, muitos já gastos e perdidos. E num relance de quem sabe o que precisa fazer eu fui em frente.

Fiz.

Sem data ou previsões para retomar a construção, derrubei mil tijolos de uma vez. Mergulhei a cabeça ansiosa numa poça dentro de mim e chorei. Chorei enquanto abria meu coração para pôr fim à prisão que construí.

E naquilo tudo vi a certeza certamente, aquela de quem sabe o quê e por quê faz.

E também vi, vi o medo mordaz indo embora com as lágrimas e não pude impedir, o desejo secreto de expressar minha sinceridade foi finalmente mais forte, até que em fim!

Só me restaram duas coisas: o meu desejo e a doçura do meu olhar molhado. Porque todo o ressecado se lavou na confiança que se mostrou, e eu revisitei a pessoa querida que sou.

E da menina ferida pouco sobrou porque as lembranças doídas o tempo tomou. Não haverá mais estragos na mesma proporção, aprendi que eu também tenho razão.

Impressionantemente bastou apenas um clique para que as distâncias diminuíssem e a muralha caísse.
Um começo recomeçou dentro de mim e me senti grata, feliz e serena comigo e com o mundo enfim.


sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Gestos



Minhas mãos suavam e só eu sabia o motivo.
Implicitamente tudo em mim estava sob efeito de uma forte emoção que inesperadamente contive para não ser-me diante deles.

Não me sinto feliz, não sou eu ali.

E há momentos que inutilmente penso em fugir, em fingir, em desaparecer ou fazer-me invisível para não sentir. Porque o que sinto não tem nome, não tem cor, não tem sabor. É um nada que é tudo, tudo o que hoje me impede de ser-me completa.

E sofro.
Tanto que não consigo falar... Se quer consigo arrumar arranjos, gestos ou palavras.
O terrível é que eu não tenho dito nada, e para mim isso tem um peso.
O peso de uma âncora que tento puxar com nós abaixo do possível para mover um navio cargueiro.

Porque para que eu viva preciso dizer a mim aquilo que sinto-sou .
Da dor que a ninguém revelo, porque há muito que espero salvação.

E por esperar, creio. E por crer, me res-guardo e, por me res-guardar, escondo e por esconder: não vejo. É que tenho evitado meus confrontos porque está sofrida...
A minha alma está sofrida demais para suportar a angústia pelo inacreditável que habita em mim, as possibilidades que são minhas, mas que estão aqui: clementes na espera da completa abertura de mim.

Mas estou tentando, hoje dei um abraço e foi muito mais do que achei que podia.
A sinceridade daquele gesto me invadiu e num pequeno movimento corporal me debrucei diante de um ser que me compreendeu o desconforto e não, incrivelmente não comemorou o meu fracasso.

E por respeito e agradecimento a esse Ser (Janne Freitas), não achei nada melhor no momento do que publicar esta postagem.

sábado, 6 de agosto de 2011

Porque ajudar faz bem




Um domingo de sol, muito sol.

O dia amanheceu conforme o previsto e o desejado por mim e por mais outras 11 pessoas. Estávamos preparados para a aventura (I Mutirão de Banho no Abrigo de Cães da Dôra) que nos esperava no bairro da Muribeca na cidade de Jaboatão do Guararapes. Para quem conhece a RMR (Região Metropolitana do Recife) sabe que o lugar onde o abrigo tem sede é de difícil acesso.

Ao chegarmos percebi que não tinha dimensão do quanto seria atingida por aquela aventura, tudo só ficou claro quando me deparei com um portão e muitos olhares. Os olhares eram dos cães que esperavam curiosos, clementes e felizes por algo que nem eu, nem eles sabiam. Parecia que nós éramos desbravadores, super-heróis e que nossa ação não seria social, mas realmente animal. 

Senti minha humanidade ali. 
Fui duramente afetada por imagens difíceis de descrever e digerir. As palavras são pequenas para dizer a tristeza que me atingiu, a realidade literalmente crua que se mostrou a mim e aos outros voluntários. Não havia opacidade nos animais, tampouco nos olhares dispersos numa ansiedade que era minha e acho que de todos também.

E entrei com vontade de não voltar, de não ver, não querer estar ali, aqui, entre nós. A miséria da humanidade tem nome e se chama individualismo, estávamos na Muribeca comprovando isso.

Um abrigo, dois terrenos, um casebre aos fundos, algumas construções ainda por acabar, telhas, cachorros, um ser humano dividido em 11 outros seres e muita, mais muita boa vontade.

Mas lembro aqui que infelizmente a boa vontade sozinha não pode mover o mundo repleto de corações ressecados pelo egoísmo. Portanto Maria Auxiliadora Florêncio, D. Dôra, como é conhecida, proprietária do abrigo de cães que leva seu nome, precisa de ajuda para manter em condições dignas a vida dos 116 cachorros que se encontram sob os seus cuidados¹. Na situação precária de espaço e higiene em que vivem os bichanos, alguns estão gravemente doentes, pois como boa parte desses animais é trazida da rua, já chegam ao local contaminado por várias doenças, entre elas a cinomose que requer cuidados especiais não disponíveis pela ausência de infra-estrutura, vacinas e medicamentos.

Além disso, há o problema da leishmaniose que é uma zoonose que merece atenção, pois atinge o homem também. Havia um número considerado de cachorros bastante doentes, uns até em estágio terminal e outros que devido à fragilidade poderiam facilmente ser vítimas do mosquito transmissor, já que um número considerado tinha os sintomas da doença.

Havia caixas d água espalhadas pelo ambiente, todas devidamente vedadas, claro. Mas aí fiquei imaginando como aquela mulher (diga-se de passagem, guerreira) conseguiu manter o abrigo e todos aqueles animais com tão pouco auxílio.

Bom, antes de dar por encerrado esse texto gostaria de falar da maravilhosa impressão que me foi deixada desse dia. Antes de entrarmos éramos estranhos para os cães e uns para com os outros, (lá só conhecia minha irmã) mas a recepção foi calorosa do princípio ao fim, até estabanada em alguns momentos, mas o prêmio do dia surgiu antes de sairmos e foram os olhares de satisfação e os cumprimentos agradecidos daquelas criaturas tão fiéis a nós míseros humanos. 


A isso não há dinheiro no mundo que possa comprar.


Portanto tenho a certeza que pelo pouco que ajudamos saímos de lá melhores, não maiores, mas mais dignos porque fizemos a diferença. Porque ajudar não faz bem apenas a quem recebe, mas principalmente a quem de fato ajuda, nessas horas os bons sentimentos se multiplicam e as esperanças de um mundo melhor reaparecem.
___________________________________________________
¹Contagem dos animais realizada no dia 10 de julho de 2011


(Os voluntários)

Quem se sensibilizou com essa história verídica e deseja ajudar porque sabe que só se sensibilizar não é suficiente (é preciso agir para tornar o mundo um pouco melhor!) entre em contato para mais informações.
"O que plantamos hoje colheremos amanhã!"

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Obviamente




Eu gosto do indecifrável, o mistério todo me chama a atenção.

Não suporto o que percebo em poucos segundos, porque o óbvio me fere, me irrita.
O improvável, o inacabado é que é atraente e me alimenta a alma num anseio desesperado por desrazão.

Mas o difícil neste mundo é ir além do que se vê e escarnecidamente rir do óbvio sem ferir ninguém. Ah como é impossível existir por esses moldes que nos impõe tão ridiculamente assim. Eu tento não golpear, mas é como tentar matar sem violência...

E a morte por si só é agressão!
Não posso evitar, existir e apropriar-me de mim é imprescindível.


domingo, 31 de julho de 2011

Metodologia de vida trágica


  De repente no final das férias acontecimentos históricos e glaciais acontecem com ou sem você querer ou imaginar. E aí você fica no meio de uma conjuntura surreal sem saber o que achar ou acreditar.

  Deixem- me explicar! É que me ocorreram incontáveis flash back’s e tudo em micro segundos, como ventania que corre solta e se espalha na surdina do vazio.

  Um levantamento de dados passados. Mais, um desmanche de peças de um quebra-cabeça que confiantemente pensei ter solucionado me fez perceber que isso sempre acontece quando desejo acreditar.

  Por quê? Por que minha mente é terrorista ou por que eu sei até onde posso ir sem me machucar? Será que eu realmente sei até onde posso aguentar? 

  Por ser sozinha no não reconhecimento da minha grandeza e do meu amor por mim, me desconsidero plena na tentativa inútil de evitar novos pós-guerras que continuamente me impedem de simplesmente entregar-me assim, calma e com-ple-ta-mente boba aos meus sentidos sem deixar a razão do meu desejo de controle se expressar.

  É só porque depois se o “se” se aproximar, veementemente vou me culpar, pois não poderia eu evitar?!  Mas estou cansada de fugir da minha humanidade diante desta vida, porque as factualidades não deixarão de existir apenas deixarei de vivê-las.

  Eu quero. Quero uma nova crença, uma idiotice gratuita de quem não está nem aí para rachaduras de corações partidos e feridos, de tropeços e rasgões nos mais belos vestidos.

  É que amar é uma escolha e para cada escolha há sempre uma renúncia, e apesar de não saber se estou pronta para renunciar minha proteção, meu castelo de ilusão, eu desejo.

  Ardentemente eu desejo. Mas que ninguém se engane! Desejo, no entanto estou num grande dilema porque a condição sine qua non que me permitiria ir adiante não apenas é difícil, na realidade está impossível, porque estou só.

  E sozinha não me é possível libertar-me de mim, ao contrário: lembro-me mais de mim, do que sempre deixei de viver para estar em torno das muralhas que construí.


quinta-feira, 21 de julho de 2011

Soul



Minha alma é tão profunda que quando penso estar andando superfluamente em sua superfície, dou de cara com uma vastidão de mim antes inatingível. E é como se a mim mesma eu pudesse enganar e fingir não ver aquilo que vejo-sinto-sou.

É um fingir que sei: não terá sorte assim!

Estou procurando outras razões para mentir tentando sofregamente me iludir com as bordas, as superfícies da existência que finalmente me apropriei e sei, é minha, só minha.

Ah Deus, perdão perdão.
É que me acostumei com a promessa e a esperança vã de que era a salvação de. 
Porque só hoje entendi que nada sou além do que sou e que isso é tudo.
Mas perdão a mim também, que padeci na culpa para enfim ser-me toda e completa.

E um brinde, um brinde porque finalmente estou aqui no raso e no profundo de mim.

sábado, 16 de julho de 2011

Adolescer



Nas silenciosas horas de sono de todos é que se mantinha acordada, foi assim durante a parte mais tumultuada dela, a adolescência. Enquanto todos estavam despertos e realizavam seus afazeres, ela simplesmente dormia.

Nas demais horas era que se deixava ser, e ia sendo nos desesperos da madrugada. Levantava à noite e começava a labuta atormentada pelos textos que latejavam na sua cabeça e pediam ofegantes para sair. Ela já nem resistia mais, se despia de toda raiva no papel e permitia que os conteúdos outrora hesitantes, saíssem lentamente. Quando dava por si já era quase de manhã e seu texto assim como ela, ainda estava por vir.


E dava duro no processo de lapidação. 

Por vezes se assustava com o que encontrava e realmente pensava que dentre tantas palavras, as escolhidas eram sempre cuidadosamente tolhidas pela dor.
Porque era com muita revolta que escrevia, talvez fosse para aliviar a si, talvez para tumultuar o outro...mas na maioria das vezes era apenas para se salvar da agonia que tanto lhe afligia.


E só descobriu o valor disso quando finalmente se viu só. Quando abriu seu caderno de segredos e percebeu que seus textos sempre lhe falavam a mesma coisa: você precisa ser.


Ser sozinha, além do que esperam de você.


Nunca foi tarefa fácil Ser num mundo onde muitos apenas fingem existir. E quando se cresce sendo a promessa de alguma coisa que você nunca desconfiou poder escapar, é que tudo pode ser pior. Mas a vida tem lá suas surpresas e finalmente um dia ela pode ser.


Ser uma heroína (a droga mesmo) com todos os efeitos adicionais que um opióide pode causar. Por várias vezes fugindo da realidade, claro...Com excessivos e irregulares ciclos circadianos, seu cérebro já nem sabia que horário era o certo, ela quem sofregamente decidia.


Mas o pior ela sabia. O pior era permanentemente sentir a terrível apatia por seres aparentemente humanos que estavam sempre de bem com a vida. Ah, esses ela abominava e nem disfarçava a rispidez do olhar. A isso ficaram as fotografias da turma para comprovar.


Sempre foi só, e as pobres criaturas que aturou e a aturaram eram tão sozinhas quanto ela. Por motivos diversos nunca fez questão de mudar, sempre achou que sozinha era mais que toda a merda do universo, e arrogâncias à parte, na adolescência ela era.


Estudou numa escola de classe média cuja composição de alunos se dividia entre os bolsistas e os pedantes filhinhos de papai, onde a principal função era basicamente a mesma: exercerem o estereótipo de adolescente tão em alta no momento.


E como aquilo a irritava!


Entre a revolta que a vida lhe infligia e a dor de ser o que não se é, ela construiu uma muralha a sua volta com um código secreto para a entrada de estranhos.


Era preciso mostrar mais do que aparências. 
Porque tudo aquilo era uma violência, e por questão de sanidade ela precisava manter a sua. Tempos depois pensou no quanto tudo lhe foi útil, e assim resolveu não dispensar a muralha após o término do longo percurso.


O ensino que era médio foi mais do que superior. 
Sua aprendizagem ali foi para toda a vida e somente depois de fixados os laços entre os que conheceu foi que reconheceu a finalidade e o que a vida realmente dá aos que lhe são honestos.


Os amigos, a esses ela afirma que permanecerão sempre consigo.
Por quê?                           
Porque descobriu que o difícil não é ser, mas ser e existir aqui sem o mínimo de lealdade a quem um dia te fez sorrir.  

(Aos amigos, o único tesouro que tenho)

terça-feira, 12 de julho de 2011

Não

Levantei com uma vontade de não sei o que, e é me difícil dizer.
Não dormi, não por vontade própria é que havia milhares de insetos tentando me tragar.
Os pensamentos ajudaram a recompor-me. Uma ideia tida a pouco me lembrou que eu deveria agir assim.
Pode parecer simples para quem não tem dificuldades em dizer não, não é o meu caso.
Expresso nos meus textos os não’s que o cotidiano insistentemente me pede e nego. 
    Negava.  
É que resolvi não aceitar maus tratos
E por amor.
Amor a mim que me vi merecedora de mais
Que dei respeito e que não aceito mais invasões de minhas reservas assim, à toa.
Eu decido, eu escolho a quem abrir-me e se assim não fiz foi por achar que não valeria à pena.
Porque eu gosto de quem observa no silêncio e me adivinha os sentidos sem dizê-los, não quero, nem gosto dos estrelatos de quem precisa de atenção.
Eu sei que sou o barulho, mas também o silêncio que me interpela e me perpassa.
Não suporto um bom dia repleto de mau humor por motivos que desconheço e que por mais verdadeiros e honestos que possam ser, não me impedem de não aceitá-los. Respeito-os mas não tenho obrigação de.
Dói-me ver desprezado o dia raiado, por factualidades da vida.
A vida tem sido banalizada nesse tal de respeito às diferenças...diferenças que me obrigam a concordar com mau humor matutino gratuito?
Não não, respeito às dores, não justificativas medíocres de quem precisa se esconder para não mostrar a dor que sente.
Respeite-me e terás meu prestígio e minha abertura.
Desrespeite-me e terás o meu desprezo, aprendi.
A duras penas aprendi a dizer: “ei, basta! A dor que você está sentindo é sua, se quiser compartilhe-a comigo, mas NÃO tente me ferir também”.  

domingo, 3 de julho de 2011

Belo Belo



Belo belo belo,
Tenho tudo quanto quero.

Tenho o fogo de constelações extintas há milênios.
E o risco brevíssimo - que foi? passou - de tantas estrelas cadentes.

A aurora apaga-se,
E eu guardo as mais puras lágrimas da aurora.

O dia vem, e dia adentro
Continuo a possuir o segredo grande da noite.

Belo belo belo,
Tenho tudo quanto quero.

Não quero o êxtase nem os tormentos.
Não quero o que a terra só dá com trabalho.

As dádivas dos anjos são inaproveitáveis:
Os anjos não compreendem os homens.

Não quero amar,
Não quero ser amado.
Não quero combater,
Não quero ser soldado.

- Quero a delícia de poder sentir as coisas mais simples.
(Manuel Bandeira)

sábado, 2 de julho de 2011

101 Coisas nos 182 dias e meio


Para quem está acompanhando o blogger, minha lista está sendo cumprida e venho aqui para contar do que fiz nesses 182 dias e meio. (E para os perdidos de plantão.. que não sabem lhufas do que falo, segue o link: http://belobelobello.blogspot.com/2010/12/101-coisas-em-365-dias_04.html)
Bom, tenho sido mais simpática com todos, não negarei que para isso tenho feito um tremendo esforço, porque, diga-se de passagem, não sou santa nem de longe para aturar os seres mais pedantes com um sorrisão no rosto. Mas como eu listei então me esforço até morrer para cumprir.
Quanto às postagens no meu blogger (por sinal muito lindo, todo repaginado!) seriam 03 por mês e com exceção dos meses de fevereiro e março (estava sem internet e foi a experiência intelectual mais bizarra da minha vida!) eu tenho realmente sido fiel a lista.
Já passei o dia inteirinho cuidando de uma criança...e nem foi difícil, porque as crianças são seres pequenos só no tamanho, a grandeza está no coração e devo admitir que prefiro mil crianças à um adulto chato.
Mas agora “as coisas” começam a dificultar...não porque eu queira, mas porque é complicado manter um ritmo intelectual contando com todas as três refeições diárias nos horários certos inclusos. É preciso organizar-se de tal modo que um artigo inventado quebra todas as possibilidades de sobrevida, que dirá de alimentação?!
Ah, mas o arroz...O arroz tá virando hábito, quase posso me nomear japonesa, não fosse o fato de eu realmente não ser fã de peixe, muito menos cru. E contando com a simples digamos que evidência de paixão por frango empanado, grelhado, cozido, com creme de leite, frito, enfim, consegui me manter à distância por 04 longos meses do empanado que tanto salva meus almoços arranjados e feito às pressas.
Se eu terminasse aqui minhas reflexões sobre os 182 dias e meio felizmente quase tudo seriam flores. Pois, meus ouvidos estão seletivos, a música que diariamente venho ouvindo, de fato tenho escolhido e o meu desejo de consumo útil foi realizado, meu mp4 de 4G está sendo muito bem empregado.
Sobre me privar da internet aos sábados por um mês...Deus sabe o que faz! Nunca precisei levar tão a sério uma palavra como a que encarnou esse semestre em mim: Falta. Fiquei, como já havia dito, sem internet. Mas o detalhe é que ultrapassei meu limiar de sanidade! Três meses servem?
Dormir. Bom eu gostaria de ter dormido mais, então não me culpem se não cumpri o item 09 pelos adorados vizinhos que tenho. E alongar, eu tenho sim, alongado, esticado todos os músculos mentais possíveis, mereço um grande desconto.
Item 11: O curso de francês está por vir, não depende só de mim.
Item 12: As disciplinas mais chatas, tudo bem que eu tentei, mas meu máximo foi baixo, confesso.
Mas vamos ao melhor! O item 13, impressionantemente esse excelente número me trouxe inúmeras vantagens. Alcancei meu objetivo sem necessariamente bajular algum professor, logo eu que achei que nessa faculdade não havia salvação! Fui pega de surpresa...alguém conseguiu reconhecer minhas potencialidades sem esperar de mim bajulação. Obrigada profe, fica expressa a gratidão.
Item 14: Vaidade tem limites! Tenho tido muitos olhares para mim, meus cabelos agradecem o olhar, os cuidados são enormes. Hidratação, Creme de pentear específico, liberdade para se assanhar e claro, nada de pentes finos, eles são ondulados!
Item 15: Consumo realizado, meu mural está lindíssimo na sala da minha casa e já repleto de fotos me traz ótimas lembranças.
Item 16: Como nem tudo pode ser como queremos, comprei uma cômoda melhor do que esperei. Um móvel estilo colonial (sem sapateira) que tem a cara da minha avó e a minha também, claro.
17. Terapia! É eu pensei incontáveis vezes em desistir, mas faz parte do processo e eu não vou parar por aí. Hoje tenho pensado até em seguir com análise, mas só depois de concluir uma etapa que preciso.
Item 18. Um saco, sinceramente me arrependi! Nem sei que loucura foi que me deu para incluir esse item. Não, definitivamente os exercícios fonoaudiológicos são os piores, prefiro a automutilação.
Item 19.: Impressionantemente, levei a sério. Talvez tenha sido porque percebi que algumas aulas tem mesmo importância, além de que esse semestre especificamente alguns professores também.
Item 20: Não faltei e inclusive me reinventei, mudei de dentista finalmente após inúmeras vezes ter pensado e não agido. A grande novidade é que me livrarei dessa mazela que me perseguiu por 12 anos, vou concluir o tratamento na sala de cirurgia mesmo, mas vou, é o que importa...Porque uma Gestalt que se fecha é mais importante do que as milhares de outras que estão abertas!
Agora vou parando por aqui...continuarei numa próxima postagem, quem quiser saber vai ter que me seguir!

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Humanamente


Eu preciso escrever para
Contar da minha dor, do meu assombramento, da minha decepção.
Porque doeu-me ver tantos ataques, tem sido difícil suportar pós-guerras seguidos assim.
E perceber os outros também, e senti-los no olhar fulminante foi fulminantemente doído, como um ataque de um coração que de repente pára porque precisa.
Por isso hoje sangrei, sangrei muito.
Muito por mim, muito pela dor identificada nos absurdos contidos e velados que de repente após tantas esperas, foram assustadoramente desmascarados.
E ousaram, ainda ousaram me falar de ética quando tudo o que eu precisava e queria era esquecer tudo ali.
Política, instituição, humanidades à parte. porque é assim que fazem arte, arte de convivência, arte de negar a própria existência enquanto condição humana, de vender a sensibilidade e o caráter em busca, em busca de quê ‘meudeus’?!
Não entendo e nem quero tentar, seria presunção apenas fingir para não me abalar. Eu só peço que não me falem nada, não me digam com esse olhar que pessoas piores terei de encontrar. Da minha parte eu vou reinventar e tentar mesmo ignorar os fatos, seguindo adiante com minha escolha, nada devo esperar.
Só não quero ser assim, não pretendo negar a mesquinhez que há em mim, em ti, em nós. Apesar da pouca idade eu sei que o que vale a pena é o amor à verdade. Por isso venho dizer, a você e a mim...Não quero ser doutora em educação sem ainda ter me educado nesta vida, enfim. Por isso foi tudo o que eu desejei dizer com essas poucas palavras desesperadamente descritas e despidas aqui!
Não preciso de titulações para respaldar minhas injustas medidas. Eu consigo reconhecer minhas fragilidades e humanidades sem título algum, aliás...o único título que desejo é o de melhor desempenho, não acadêmico, mas na vida. Porque quero ir além das limitações impostas e mostrar mesmo o melhor do humano que há em mim, sem medo algum de parecer idiota ou finalmente humana aí.
Mas eu vim aqui também porque precisava confessar minha necessidade de compreensão, mas além disso, eu sei que preciso de um pouco de perdão. Por que? porque fervorosamente almejei que o reinado viesse à baixo, que a casa caísse, que o espetáculo do vazio ruísse e mostrasse a inútil grandeza do poder ditador.
Eu preciso de perdão não por mim que sei a humana terrível que também me habita, mas por ela que não me comoveu um segundo. Faltou-me humanidade para enxergar que o drama vivido poderia ser verdade, mas não quis me importar porque foi-me uma vez perguntado quem sou e eu mostrei assim.
Por isso não me pergunte o que só posso responder mostrando, tenho sadismo suficiente e vigorosa que ainda sou possa matar para não morrer.
Bom, eu quero terminar e dizer que o que comecei vou concluir e fazer o que necessariamente preciso fazer de mim. O resto?
O resto eu espero silenciosamente o respeito e o reconhecimento de que minha presença se faz presente no grande e no pequeno, no perto e no reservado de quem sou.
Quanto à psicologia, minha cara ideologia...? não sei, mas tenho a impressão que ela está só, eu estou só, nós estamos sós não apenas no grupo, mas na instituição.
E fico aqui pensando como querem que saiamos humanamente melhores, mentalmente capazes de enfrentar tantos desafios se só nos mostram o que há de pior neles e em nós...(?)
Que Deus me faça entender que é preciso acreditar continuamente no melhor de mim, que isso sim não é presunção e que somente assim poderei conseguir a existência que infinitamente quis 'pra' mim.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Chá da's férias

O que são a's férias?

Com a’s no plural e apóstrofo mesmo, porque sempre me perguntei da utilidade do apóstrofo na minha vida. Afinal deixei de usá-lo quando deixei também de falar tão bem do meu inglês americano.

É que agora minha vida está completamente inglesa, até chá da tarde me obrigo a tomar, o surreal e normal é que esse chá vem recheado de tédio, porque também não agüento todos os dias um chá de cadeira assim às 16h.

Passei quatro anos de rotina, perdi até a minha língua...quase fui demitida da minha própria vida por falta de administração. E nem quero saber o que vai me aparecer quando tudo isso acabar, quando eu não tiver do que reclamar, quando o meu chá parar de me abusar.

Jane Austen eu sei, essa nunca me salvará!

Vou morrer em Mansfield e ao que me parece num grande ócio improdutivo, à noite

Sim na calada da noite na Hamilton Rd., na companhia de um cachorro e de uma xícara, uma xícara de amor, claro.

O que sou

Passei da prosa à “poemia”, e achar que nunca conseguiria

Olhei e vi uma vida de mentira e hipocrisia

Parei e resolvi pensar no que não podia

E consegui desafiar minha própria companhia.

Imaginei como ficaria e se era isso o que eu queria

Como seria se eu fosse além do que eu mesma pensava que podia? E depois o que eu faria? Como suportaria?

Foi aí que percebi aonde chegaria e que sem medo enfim eu me mostraria

Leve, doce e meiga

Para que finalmente em me desfazendo dessa dura couraça que me entorpeceu os sentidos e me impediu de ver o rasgão do meu vestido, eu possa caminhar novamente entre o vento que um dia me assanhou os cabelos e aquela que so-fre-ga-mente sou.

sábado, 25 de junho de 2011

Pulsar

Estou aqui escutando tiques e taques do tempo

O relógio da sala me causa tormento

O vento que sopra traz de volta a angústia daquele momento

Estou deveras cansada pra qualquer empreendimento

Meu coração pulsa em vão na esperança de encontrar um novo sentimento

Mas eu sou mesmo romântica e deixá-lo-ei pulsar até que cessem todos os movimentos.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

O céu é o limite


Foi o que hoje ouvi, o que escutei ressoar fortemente aqui. a vibração de cada letra no meu corpo me fez sentir que era verdade sim o que aquela pequena frase dizia a mim.
E eu respondi: quero mais é que se danem, vou fazer o que decidi!
a vontade é minha, os sonhos também.
as opiniões que se dividam, que falem, que invejem e que se danem, Todas! porque eu quero mais é ser quem sou sem ninguém a me dizer o que devo ou posso fazer de mim.
Quero ser feliz da maneira estranha que decidi. vou seguir meu percurso diferente, deixarei amigos e parentes para estar na memória de uma história que é minha e me espera.
Sempre soube o que queria, escrever era o que eu devia mas só agora vim tomar as rédeas do cavaleiro que também sou, para sentir, sentir a despedida da miséria que quase me matou.
E vejo, claramente como os pássaros no céu eu vejo que só o céu é o meu limite.
hoje sou uma fortaleza e os meus tesouros ninguém roubará. não deixarei mais a voz do ódio alheio ultrapassar meus tímpanos, sei que posso des-pre-za-las pelas qualidades e dons que recebi e cansei de ver e ouvir onde eu deveria estar e poderia não fosse a contaminação dos leprosos que me apareceram.
Parei de me des-culpar, de me lamentar e desperdiçar o que fatalmente me foi dado; que morram todos desgraçados que com olhos e olhares mesquinhos tentaram me impedir de continuar no meu caminho.
Que a mediocridade se desfaça nos espinhos!
Porque não peço muito de mim, só quero seguir e continuar dizendo a mim, ao mundo e a quem quiser ouvir: ei, estou aqui, só vou embora depois que a morte disser que sim! Enquanto isso vocês vão se acostumando, porque vão ter que me engolir.